Novas Histórias

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Foto de Ju Vinagre

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

31º Dia: Fim do Mês

                  Indo contra todas as previsões, eis que meu blog completa um mês de existência. Não sei o que é alegria, mas pelo que tenho visto ela é representada na forma escrita com pontos de exclamação, então lá vai: !!!!!!!!!!! O fim do mês representa muitas coisas, mas principalmente falta de dinheiro. Para uns falta de planejamento. Independente das correntes de pensamento sobre o assunto, já pude notar que se a pessoa conseguir passar pelo final do mês e chegar ao início do outro pode se considerar uma vitoriosa. Grande coisa. Não é o mês que é um monstro invencível, é o seu cartão de crédito que cobra juros exorbitantes, é o preço das coisas para quem nem o céu é o limite; são as escolas dos seus filhos que tem professores mal pagos e mal formados e salas de aula caindo aos pedaços; é o transporte público caótico e superlotado, que você usa todo dia, cujas greves atrapalham os ingênuos usuários que botam a culpa mos motoristas e não nos donos das empresas; é a saúde que tá mais precária que o discurso de posse do Tiririca; é mais um tanto de coisas que estressam o dia a dia e fodem com sua paciência ou é você que não anda fudendo o suficiente. Pois é, o fim do mês acaba com a raça de qualquer um. Na verdade eu não me importo nem um pouco. E tudo que escrevi depois de “grande coisa” não passa de uma tentativa de discurso pra me candidatar à deputada nas próximas eleições. Votem em mim e daí sim verão o que é um final do mês doído. Sei que não vou ser eleita, pois vocês tem votado em pessoas muito melhores que eu. Mas fica uma dica pra desestressar o final do mês: ao invés de brincar de roleta russa, gaste todas as economias e vá de carro pro litoral e fique 8 horas no engarrafamento, ou, melhor ainda, sente na frente da tevê e veja repetidamente a propaganda da menina que canta “tô bem, tô zen / passei pra faculdade com o Enem”. Você ficará de boa ou botará mais sete balas no revolver. Não sou incentivadora do suicídio, longe disso, mas agora entendo porque os suicidas valorizam muito mais do que os outros os versos do bardo maranhense José Ribamar, outro grande apreciador de balas “bem pior que o fim do mundo / para mim é o fim do mês”.

Nosso Plano (Notas de cem) (Lula Queiroga) – Uma homenagem ao colaborador do dia Paulo Monarco. 
Bicho do Dia: Cabra (4321)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

30º Dia: Vento no Litoral

                  Não tenho a mínima ideia do que seja uma separação. Se amavam, não se amam mais. Ou enjoaram um da cara do outro. E sofrem. E vão pra beira melancólica do mar para sentirem saudades, pena de si mesmo ou seja lá o que for. Excetuando os poetas que atualmente já se inspiram olhando pro protetor de tela com uma foto de um mar do Taiti. Já disse várias vezes, e continuarei repetindo, que esse negócio de sentimento é o que acaba com vocês, humanos. Porque que os carinhos viram carão, os jantarzinhos viram indigestão, os motelzinhos viram traição e as florezinhas viram caixão? Nem a esfinge sabe. Só que, ao tratar do tema, não posso deixar de falar das peripécias amorosas e desamorosas (desastrosas) do Sandro Dornelles. Dizem que as melhores letras de amor deste compositor falam das separações e não propriamente do amor e que geralmente ele estava descornado e bêbado. Saio aqui em sua defesa, mesmo que isso mostre um certo desapego da minha parte para com meus méritos na questão. Teve uma vez que ele escreveu sobre a separação muito antes dela acontecer. O nome da canção (uma milonga, ritmo tradicional de sua terra), é uma falsa homenagem a mim. “A DOR, A DOR”.  Essa música, provavelmente vai ser a música do dia 365, pois de repente até lá ele tenha tido vergonha na cara de fazer um gravaçãozinha melhor da que tem atualmente. Enfim. Mesmo que a letra do Sandro tenha um certo ar de profecia, ela foi feita no início de um relacionamento, onde então eu atuava como DOR de amor. Olha eu me reapegando aos meus méritos de novo. Bom, pra finalizar gostaria de lembrar que o vento no litoral deve servir pra refrescar e não pro sujeito sentar numa pedra a beira mar olhando pro infinito marítimo com uma cara de bunda.

Música do Dia: É Fim do Mês (Raul Seixas) http://www.youtube.com/watch?v=bRVLVloqXz0

Bicho do Dia: Cavalo (9544) Hoje se comemora o ano novo chinês e bicho do ano é o Cavalo.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

29º Dia: Poema em Linha Reta

                  Não é minha ideia tratar das letras das músicas que indico todo dia. Já fico muito feliz se vocês as escutarem. No entanto, a letra da música de ontem não é propriamente uma letra, é um fragmento de um poema do Álvaro de Campos (vulgo Fernando Pessoa) musicado pelo Arrigo. Pensei em postar o poema inteiro aqui, mas preferi só botar link do site com o poema. Fiquem a vontade. Não me alongarei no texto. Na verdade nem farei texto nenhum. E como hoje estou mais pra domingo que pra quarta-feira, vou exprimir apenas minha vontade. Uma vontade que me deu ao reler este poema ontem, logo após ver as alegrias ostentativas de vidas perfeitas e felizes escancaradas no facebook. Porque vocês, humanos, não aproveitam que estou incumbida nesse blog e estou dando uma trégua e sejam um pouco mais espertos: peguem o Poema em Linha Reta, misturem bem, para que fique uma espécie de pancake, uma base ou algum tipo de cosmético; passem na cara, ou seja, se maquiem com o Poema em Linha Reta; tirem uma foto, tipo essas que vocês tiram de vocês mesmos com o celular, de preferência com o Jardim Gramacho ao fundo e depois postem no facebook. Garanto que nem vai precisar de legenda na foto. Nossa! Tem dias que minha sensibilidade atinge níveis invejáveis. Tenho certeza que se o Sandro Dornelles não chorar quando ler essa postagem vai chorar ouvindo a música do dia. Sandro, já ando meio cansada do seu mimimi.


Música do Dia: Vento no Litoral (Legião Urbana) (Renato Russo) 

Bicho do Dia: Tigre (3588) 
Poema em linha Reta: http://www.releituras.com/fpessoa_linhareta.asp

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

28º Dia: Todo se Transforma

                  Ontem, pela primeira vez, publiquei como música do dia uma canção em outra língua que não o português. Em espanhol, “Todo se transforma”. Traduzindo: tudo se transforma. Parece óbvio, mas melhor que fique bem claro. Quando decidi vir para o mundo humano virtual blogueano, seria me concedida-me (ainda me confundo com pronomes) uma língua para que pudesse me comunicar. Resolvi optar pelo português, lindo idioma, de um dos meus escritores preferidos, Fernando Pessoa. Fernando me deu um certo trabalho, visto que era mais de uma pessoa. Todas numa só, mas mais de uma. E temos outros tantos Mestres da Língua Portuguesa. Guimarães Rosa com seu dialeto literário baseado no falar de Manulezãos e Miguelins. Machado de Assis e sua ironia aguçadíssima. Mia Couto e suas memórias africanas de beleza parabólica. Camões, construtor e pintor da história do Novo Mundo, das mudanças de tempos e mudanças de vontades. José Saramago, que comprovou mais uma vez para os homens que o maior cego é aquele que não quer ver. Manoel de Barros e seu linguajar nato de latas e pneus velhos, quinquilharias, moscas, sapos, curvas de rio e crianças de alta inventividade. E mais um tanto de transformadores do português do dia a dia com suas litero-gírias. “Gosto de sentir minha língua roçar a língua...”. E por falar em língua, não acredito em melhor exemplo de coisa que se transforma e se mistura. Se transforma a língua idioma, se misturam as línguas dos micareteiros. E por falar em transformação, lembrei que, além da célebre frase de Lavoisier citada na música do Drexler “na mundo nada se perde, tudo se transforma”, tem outra, uma tirada do genial Mario Quintana: alguém havia perdido a carteira, quando Quintana disse: “no mundo nada se perde, tudo muda de dono”. Hoje estou me sentindo uma DOR no sentido literário...

Música do Dia: Poema em Linha Reta (Arrigo Barnabé / Fernando Pessoa) 

Bicho do Dia: Pavão (1976) 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

27º Dia: Fora do Ar

                 Conheço, até agora, dois significados para expressão “fora do ar”. Um deles é fora de sintonia, relativo ao sinal da televisão.  A outra é para designar pessoa “aérea”, dispersa, com déficit de atenção ou maluca. A versão "fora do ar" pra maluco é, muitas vezes, relacionada ao cigarrinho do capeta. Muitos me acusaram de estar fumada ontem, que meu texto estava bem "fora do ar". Gente, eu não uso drogas, eu sou no máximo o reflexo do mundo de vocês. Fiquei ofendida, então hoje o espaço é do Sandro Dornelles: 


O rabo do Rato

Eu morava na casa de cima, uma edícula. Na casa de baixo morava meu amigo que estava viajando. Eu estava, como sempre, transitando de uma casa para outra. A geladeira e o computador estavam na casa de baixo, e eu não tinha geladeira e meu computador estava quebrado. Daí o ir e vir durante o dia inteiro. Pra fazer este trajeto eu passava pela área de serviço dele e foi ali que eu o vi pela primeira vez. Melhor, que eu o ouvi pela primeira vez, meus olhos só foram achar que o viram dias depois. Numa dessas idas e vindas eu ouvi um barulho vindo das sacolas plásticas cheias de bugigangas que habitavam a área de serviço. Parei. Era o barulho de algo que parecia estar se escondendo no meio das sacolas plásticas no momento em que eu passava, como se quisesse ser esconder de mim. Gelei. Só podia ser um rato, pelo volume do barulho não podia ser uma barata e muito menos um dos gatos de rua que volta e meia assaltavam nosso lixo. Um gato não podia se esconder no meio das sacolas plásticas. E se não era um gato, mais chance ainda de um rato estar dominando a área. Pensei isso em questão de milionésimos de segundo. Entre o “parei” e o “gelei”. Segui pro meu destino e até tentei um pensamento positivo “que rato o quê! É o vento...”. Na volta, de novo, o mesmo som. “Será que é mesmo um rato?”. Iria precisar de várias idas e vindas naquele dia para acabar tendo quase certeza de que era um rato. Confesso que tenho ojeriza a ratos (e esse parecia ser um rato do mal) e meu amigo não estava ali pra vasculhar as sacolas e matar o possível roedor.
No outro dia eu só passava correndo de uma casa para outra e já não tinha mais coragem de olhar para as sacolas plásticas da área de serviço dele. Eu não queria nem pensar na possibilidade de ver o rato, embora fosse impossível não ouvir o barulho. Havia também, misturado ao som produzido por algo que movimentava entre as sacolas – que pra mim só podia ser um rato – uma espécie de farfalhar meio assustador. Seria do rato? Seria um rato? Algo em mim tentava não acreditar nisso, mas meu pavor dizia não ter dúvida de que era um. E dos grandes. O desgraçado estava querendo fazer uma guerra de nervos comigo, uma tortura ao melhor estilo dos Murídeos e estava conseguindo. Quando chegou a noite eu fiquei de tocaia, olhando da casa de cima, a minha, para  a área de serviço dele, para tentar ver na escuridão os olhos brilhantes de algum gato de rua assaltante de lixeiras, mas eles não apareceram e, com meu amigo viajando, era ele, o rato, e eu. Isso se já não era mais de um rato. À noite não dormi direito pensando na proliferação dos ratos e das pestes que eles carregam com eles infestando a área de serviço, a casa de baixo e a casa de cima. Não desci naquela noite pra casa de baixo nem pra pegar coisas na geladeira, fiquei entocado.
No outro dia de manhã acordei decidido a tentar um armistício com o que eu pensava ser um rato. Antes de passar correndo da minha casa pra casa de baixo eu me anunciava, como que pedindo permissão pra passar pela área de serviço dele: “RATO!” eu gritava e, logo em seguida fazia meu trajeto. É, a primeira batalha ele já tinha vencido, a área de serviço já tinha sido tomada. Nesse dia foram idas e vindas numa correria só e um tal de “RATO! RATO! RATO! RATO!...”  Se alguém me visse certamente iria dizer que eu estava louco, mas foi a maneira que achei de conviver com ele e com o meu medo.
E assim foram passando os dias que se resumiam a corridas de ida e vinda, gritos de “RATO!” emitidos por mim e grunhidos, farfalhares, chiados e sons horripilantes de todas as espécies. De todas as espécies de rato, acreditava eu.  Sem falar que o barulho das sacolas plásticas tinha aumentado de volume, como se o ser também tivesse aumentado de tamanho. A convivência com esta criatura estava se tornando insuportável. Pelo menos pra mim, porque se esse rato estava mesmo ali, ele parecia estar pouco se importando comigo, embora não deixasse de fazer seu joguinho sujo, sem, no entanto, nunca dar as caras.
Decidi ir pra casa de outro amigo, até meu amigo habitante da casa de baixo voltar da viagem. E quando passei correndo pela última vez pela área de serviço dele com minha mala a tira colo, não sem antes proferir um sonoro “RAAATO!”, eu tive uma coragem espartana e olhei de soslaio para as sacolas plásticas cheias de bugigangas. Tudo bem que eu passei correndo, mas posso dizer, quase com convicção, que vi um rabo sumindo rapidamente no meio das sacolas. Fiquei com um resquício de dúvida, porque passei correndo e olhei de rabo de olho, mas eu vi algo que começava fininho e ia se alongando e engrossando entrar no meio das sacolas plásticas. E, se era um rabo, só podia ser o rabo do rato.

Música do Dia: Todo se Transforma (Jorge Drexler) http://www.youtube.com/watch?v=QfhEKpFiepM
Bicho do Dia: Vaca (9399)

domingo, 26 de janeiro de 2014

26º Dia: Cachorro Louco

                  O mês do cachorro louco é agosto, mas dependendo do meu humor pode ser janeiro, ou qualquer outro mês. Mas vocês sabem da minha obrigação bloguiana durante o ano todo, então fiquem tranquilos. O que mais importa é lembrarmos que o cachorro é o melhor amigo homem. Já o cachorro louco nem tanto, mas foi um pouco graças a ele que nasceu um grande clássico da Pintura Mundial. Reza a lenda que as cadelas entraram no cio e seu cheiro deixou os cachorros loucos. E as cadelas adoram um cachorro louco.  Formou-se uma suruba e tanto. O problema é que um dos cachorros dessa orgia estava com raiva. Num passe de mágica ocorreu uma proliferação da doença e, num instante, a cachorrada toda estava espumando pela boca. Os cachorros loucos ficaram mais loucos ainda. Em seguida apareceu uma manga no meio da zorra. Estava se desenhando o quadro do “cão chupando manga”. Como se não bastasse um gato apareceu. Pobre gato, puta zona. A cena que estou narrando estava acontecendo na rua na frente da janela do quarto do pintor Edvard Munch, que ao ver aquilo, resolveu pintar aquele momento bizarro. Na dificuldade que ele estava encontrando pra realizar seu intento, olhou para o lado e viu uma expressão facial que resumia muito mais o que ele queria mostrar ao mundo: um ser careca, meio homem, meio mulher, que olhava com horroroso espanto para um outdoor com a foto da bunda da Valesca Popozuda.

Música do Dia: Fora do Ar (Filarmônica de Pasárgada) (Marcelo Segreto) 

Bicho do Dia: Peru (7277)

sábado, 25 de janeiro de 2014

25º Dia: Cinco Bombas Atômicas

                  Quando eu era pequena é um tempo que nunca existiu. Eu já era assim desde sempre. No entanto, lembro que lá nos meados da década de quarenta, duas das cinco bombas ficaram conhecidas e me deram um puta trabalho. Claro que muito dos meus afazeres são decorrentes de atitudes monstruosas dos homens para com outros homens. Só que até a DOR tem limite, ou pelo menos deveria ter. As cinco bombas estavam lá adormecidas e de repente acordaram duas delas sobre duas cidades japonesas. Foi dose. Tiveram que convocar todas as dores do mundo. Trabalhamos muito, todas nós. Naquele dia confesso que tivemos um certo medo dos homens. Mas o medo que os homens tiverem de nós nesse mesmo dia foi absurdamente maior. Depois de noites e noites de reuniões a respeito do que seria feito com as outras três bombas, decidimos que nós é quem decidiríamos o futuro das bombas, a revelia dos homens.

Música do Dia: Cachorro louco (TNT) (Uma homenagem ao colaborador do dia Gustavo Gaúcho Cantarelli) http://www.youtube.com/watch?v=OWoflVKeBIE


Bicho do Dia: Cachorro (4220) 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

24º Dia: Chiclete com Banana

                  Melhor o Tio Sam não pegar no tamborim, muito menos no pandeiro e na zabumba. Se ele entender que o samba não é rumba já tá bom. Brincadeira. Pensei em encher linguiça pra não admitir que hoje tô sem nenhuma inspiração. Falar que o Bebop, uma importante vertente do jazz, tem esse nome baseado na onomatopeia do som dos martelos no metal nas construção dos trilhos de trens nos EUA. Que o samba é uma dança africana dos escravos que incorporou ritmos musicais como a polca, o maxixe, o lundu e o xote. Que blá, blá, blá. Porra, isso tem até na Wikipedia! Então admito, minha inspiração hoje tá abaixo de zero, deve ser esse calor de 50 graus que tá fritando meus miolos. Poxa, logo hoje, que o tema é tão interessante. Pois é, ontem já falei da revista. Tem uma banda baiana com esse nome também. Lembro de uma vez que o Sandro Dornelles resolveu experimentar a mistura, literalmente, de chiclete com banana. A cara que ele fez foi próxima a que ele fazia quando eu ia visitá-lo. Também, chiclete tutti-frutti com banana nanica. Este rapaz tem um histórico rico em auto experiências que beiram a demência. Essa foi uma delas. Mal sabia ele que anos depois surgiria o babaloo sabor banana. Eu acho uma merda, mas pelo menos a consistência deve ser um pouco menos nojenta. Mas mistura por mistura, nesse Forno não muito Alegre que está essa cidade, hoje vou ficar bebendo cerveja com Steinhäger, mais conhecido por submarino, a beira deste buraco com água dentro, mas conhecido como piscina.

Música do Dia: Cinco Bombas Atômicas (Jorge Mautner, o filho do Apocalipse)

Bicho do Dia: 24, só pode ser Veado (6193)  

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

23º Dia: Bichos Escrotos

                  Volta e meia ouço alguém chamando outro alguém de escroto. “Seu escroto!”. Não me admira. Escroto, segundo minhas pesquisas, é o saco. No saco dos animais do sexo masculino ficam os testículos, as bolas. E nas bolas ficam os espermatozoides. Os espermatozoides são os responsáveis por fecundar os óvulos e assim tem-se o ovo. Ou zigoto. Nossa, como fui lembrar disso? Deve ser daquelas aulas de Biologia do Sandro, há muitos, mas muitos anos atrás. Porra, anos atrás é foda, ainda mais em se tratando de escroto. Meu deus, enfim, voltemos ao zigoto. Sonoramente já é semelhante ao escroto. Bom, o zigoto é que vai fazer com que a mãe fique barriguda e depois dê a luz ao seu escrotinho. Isso mesmo. Se você seguiu a minha lógica, notou que é imprescindível a participação do escroto para que ocorra a gravidez. Nele estão as joias da família. Então todos os filhos de animais que tem escrotos são, consequentemente, uns bichos escrotos. Escrotinhos se preferirem. Então, saibam que além de já nascerem com a tal culpa cristã, vocês já nascem escrotos ou escrotas. Meu conselho é que vocês façam de suas existências pelo menos uma tentativa de diminuir a “escrotice” que lhes é peculiar já desde antes do nascimento. Pra quem quiser saber mais sobre o tema, recomendo as tiras “Os Eskrotinhos” que o cartunista Angeli fazia para a extinta revista Chiclete com Banana. É isso. Espero que tenham gostado do meu textículo. Impressionante como a minha vivência nesse mundo humano virtual tem me viciado em trocadilho. Escroto.

Musica do Dia: Chiclete com Banana (Jackson do Pandeiro) (De: Gordurinha e Almira Castilho)  http://www.youtube.com/watch?v=WTgl3D8hfeo


Bicho do Dia: Pato (de preferência ao Tucupi)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

22º Dia: Nostradamus

                  Como ainda estamos no início do ano, vou dar uma de profeta e fazer minhas previsões.

Quem vai fazer show de final de ano na globo: Roberto Carlos.
Quem vai ganhar o BBB este ano: algum idiota.
Quem vai assistir o BBB: milhares de idiotas.
Quem vai tecer comentários idiotas sobre o BBB: Sandro Dornelles e Pedro Bial.
Quem vai ser proclamada deusa: Eu, a DOR.
Quem pretende gravar um CD: Sandro Dornelles.
O que vai ter nos bancos e na previdência: filas enormes disfarçadas de cadeiras com senhas.
Quem vai pedir esmolas: mendigos e bancos.
Quem vai participar de rolezinhos: meninos pobres.
Quem vai participar de flash mobs: meninos ricos.
Quem vai apanhar pelas ruas e boates: meninos gays.
Quem vai bater nos meninos gays: meninos gays enrustidos e bombados.
O que vai acontecer com quem bater nos meninos gays: nada.
O que vai acontecer nas prisões: superlotação.
O que vai acontecer na rua dos grandes centros: engarrafamentos.
O que vai acontecer com o compositor Matheus von Krüger: vai ser parado pela Lei Seca.
Qual seleção vai ganhar a copa do mundo: Espanha (estou falando da copa do mundo de Basquete).
O que vai acontecer com os famosos: a mídia vai falar um monte de coisa sobre eles que não interessam a ninguém.
O que seu filho vai ter: nome de santo.
O que você vai ser quando crescer: o que você quiser.
Quem fará previsões este ano, além de mim: Mãe Dinah.


Ps.: Para mais previsões, entrem em contato comigo. Cobro barato e trago a pessoa amada embrulhada pra presente.

Música do dia: Bichos Escrotos (Titãs (Reis / Antunes / Brito))                  
http://www.youtube.com/watch?v=diJMzgpbrI4

Bicho do dia: Oncinha pintada, Zebrinha listrada, Coelhinho peludo (vão se fudê!)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

21º Dia: Saudades da Guanabara

                  Fiquei sabendo que no dia 30 de janeiro se comemora o dia da Saudade no Brasil. Fica antecipada aqui minha homenagem. A saudade é uma das poucas coisas que aflora meu lado bom. Bom na visão de vocês, porque pra mim todos os meus lados são bons. A falta, a perda, o amor, a distância. A DOR da saudade que tanto inspirou poetas pelo mundo afora. Eu, por exemplo, ainda não senti saudades do Sandro Dornelles, se é que eu sei o que é sentir saudades. Deixa ele lá. Ontem ele estava com lágrimas nos olhos por saudade de alguma coisa, agora não pergunte porque a tal lágrima rolou enquanto ele assistia a cena final do Karatê Kid – A hora da verdade, aquele antigo, que ele assitia na Sessão da Tarde há muitos anos atrás. As pessoas fazem relações absurdas pra sentir saudades: um cheiro, um gosto, uma visão, um toque, um som e lá vem um caminhão de saudades emocionar as criaturas. Se pararmos pra pensar veremos que tudo é culpa dessa noção de tempo que os homens criaram em suas cabeças, esse negócio de passado, presente e futuro. Embora alguns digam que sentem saudades de algo que ainda não viveram, na maioria das vezes as sensações remetem a um passado. E se esse sentimento for tristeza causada por uma saudade que está sendo sentida no presente, essa mesma tristeza pode ser, já no presente, projetada para um futuro. Aí pronto, depressão na certa. Por sorte não sofro disso, vivo o sempre e ponto. Não é um ratatouille ou uma Madeleine com chá que vai me fazer sair em busca do tempo perdido. Até porque “somos tão jovens”. Como vocês devem ter notado não saco nada de saudade. Melhor assim. Acabo de saber que hoje é aniversário de Fundação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Poderia tratar do tema, mas isso é um problema de vocês e quanto mais demorarem para resolvê-lo, melhor pra mim, pois, nós as Dores, dependemos de trabalhos deste tipo também e sei que vocês, humanos, jamais fariam isso com a gente. Quer saber, já me enchi dessa conversa de saudades. Essa palavra vem do latim “solitas, solitatis” que significa solidão e solidão é coisa pra vocês, humanos. Por hora fico aqui querendo tomar um chope no Rio de Janeiro olhando a Baia da Guanabara. Ô vontade... Já o Sandro diria: Ô saudade...

Música do Dia: Nostradamus (Eduardo Dusek) http://www.youtube.com/watch?v=BJgghfrS7ug
Bicho do Dia: Coelho (3237) 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

20º Dia: Na Primeira Manhã

                  Na primeira manhã depois do primeiro pecado do mundo, teve culpa, remorso e DOR, além de outros temperos. Digo porque estava lá e vi tudo. Tem um monte de mal entendidos nesta história de serpente, maçã, expulsão do paraíso, Adão e Eva. Vamos por partes. Antes uma curiosidade sobre a origem dos nomes dos primeiros humanos. O do homem vem do pensamento que eles sempre tiveram em relação às mulheres “Ah, dão...” e o da mulher o que elas sempre pesaram em relação a esse pensamento machista dos homens; “É, Vá pá pul...”. Bom, vamos ao que interessa. Na primeira manhã depois do primeiro pecado Adão pensou: “Puta que o pariu, porque fui dar ouvidos a esta mulher?” Eva: “Cacete, porque que esse idiota sempre acaba fazendo tudo que eu peço?”. Nem eu sei ao certo o que foi que eles fizeram para serem expulsos do paraíso. Sei que haviam rumores que Deus já estava de saco cheio dos dois e bolou um plano. Foi falar com a serpente e disse que se ela convencesse Eva a convencer Adão de comerem uma tal maçã proibida, Deus daria o poder da fala a todos os répteis do mundo, segundo ele muito melhor que asas. Claro que Deus sabia que sendo proibida os dois acabariam comendo. Só que era apenas uma peça de Deus, pois a tal maçã estaria com uma espécie de laxante e daria uma baita DOR de barriga nos dois. Comeram, mas comeram a maçã errada e tal barrigada nunca aconteceu. É também verdade que a serpente foi falar com Eva, mas a mulher de alguma forma engambelou e roubou a língua da serpente e até hoje as serpentes são mudas e as mulheres vocês já conhecem. Adão por sua vez, já estava se achando Deus e tinha certeza que podia achar um lugar melhor que o Paraíso. Eva cochichou alguma coisa no ouvido de Adão e os dois deram as costas pra Deus. Então, depois deste monte de mal entendidos, Deus acordou naquela primeira manhã depois do primeiro pecado, arrumou uns raios que insistiam em cair sempre no mesmo lugar e sorriu com uma certeza divina entre os dentes: “Vai dar MERDA!”. E deu, só que não da maneira que ele esperava.

Música do Dia: Saudades da Guanabara (Moacyr Luz / Aldir Blanc / P. C. Pinheiro) http://www.youtube.com/watch?v=7da6WaoC404
Quem estiver no Rio de Janeiro agora, corra pro Samba do Trabalhador, hoje é dia de São Sebastião!
Bicho do Dia: Gato (3156)

domingo, 19 de janeiro de 2014

19º Dia: Milho

            Além das muitas qualidades nutritivas, este cereal que nasceu no México tem, tá bom, tinha, uma outra função muito importante e relacionada a mim que era ajudar na educação das crianças quando ficavam de joelhos nos grãos de milho. Acredito que quando eu fazia parte da formação educacional das crianças os resultados eram melhores. Nem vou falar na varinha de marmelo, no cinto e outros semelhantes correcionais. Fiquemos no milho. Antigamente, o castigo começava em por as crianças malcriadas pra debulhar o milho, de preferencia aquele tipo pipoca. Assim já ralavam as mãos e dizem que doía pacas. Caso não resolvesse, botavam os futuros delinquentes de joelho no grão de milho. Bom, meus caros, aí eu jogava duro: hematomas, feridas abertas e vários outros tipos de danos, algum deles permanentes. Não tinha essa de “mamãe não gosto”. Infelizmente, aposentaram este tipo de adestramento infantil. Não sou mais eu quem educa as criaturinhas. Hoje elas ficam sentadas no cantinho da disciplina ou de pé em frente a alguma parede, quietas, sem fazer nada e pensando nas coisas erradas que fizeram. Trocaram os serviços da DOR pelos serviços do Tédio. E o milho passou de castigo a recompensa, pois depois da dose de tédio do cantinho da disciplina, a criança vai assistir a um blockbuster comendo pipoca de micro-ondas com sabor caramelo doce de leite amanteigada. Nada como a cultura POPcorn para uma educação sadia.    

Música do Dia: Na primeira manhã (Alceu Valença) http://www.youtube.com/watch?v=RS_V-u1tXKo


Bicho do Dia: Cabra (3722)

sábado, 18 de janeiro de 2014

18º Dia: Aos Vinte e Sete

                Foi com quase vinte e sete anos que o Sandro Dornelles foi para o Rio de Janeiro, terra do grande compositor Noel Rosa, que morreu sem chegar aos vinte e sete. Morreu com 26 anos. Qual relação que existe nisso? Como vocês devem saber, provavelmente nenhuma, embora o Sandro veja nisso algo místico. Eu o perdoo só porque sei que ele é um fã incondicional do cara. Mas hoje vim aqui pra discutir como os gênios da música enveredaram pelo caminhos das drogas. Mais uma vez a culpa recai sobre mim. Dizem que fiz eles, os gênios da música, sofrerem e agucei a genialidade deles que, além de grandes obras, criaram também um grande vazio na própria existência, só preenchido com muita música, bebidas e drogas. Mas juro que, por exemplo, não fiz o irmão do Ray Charles cair dentro da bacia e morrer afogado, muito menos causei sua cegueira. Eu só fui convocada depois, como já disse, aí sim,  pra aguçar a genialidade dele. E assim foi com todos  os outros. Por falar nisso, lembro de uma vez que o Sandro, ainda muito pequeno, caiu dentro de uma panela grande cheia de água e sabão da sua vó e ficou com as pernas pra cima. Teria morrido afogado, não fosse o seu tio Gaspar puxá-lo a tempo de evitar a tragédia. O tio Gaspar é músico também. Qual a relação entre o Sandro e o irmão do Ray? Nenhuma, embora o Sandro ache que graças a não ter morrido na panela de sabão, tenha evitado que seus irmãos se viciassem em heroína. E que virassem compositores! Pelamor!  Enfim, deixe o Sandro com suas relações. Quanto as minhas acho que posso ser chamada de anja (embora, nesse caso, tenha sobrado pra mim o bagaço da laranja) que apareceu na vida do Noel, de uma pá de jazzistas, de uma outra pá de roqueiros,  e de todos os demais sofridos compositores geniais do mundo. Mas, reitero, só depois das respectivas tragédias. Tirem suas próprias conclusões, mas pra mim tudo não passa de um "Vermelho 27"! tão cantado pelo Nelson Gonçalves. Então me agradeçam e ponham a culpa das tragédias, nos homens, no Deus dos homens de palavras reconfortantes, no acaso, ou, como preferem os donos da certeza, no livre arbítrio.

Música do Dia: Milho (Os Mulheres Negras (André Abujamra/Maurício Pereira) 
http://www.youtube.com/watch?v=qJluvrleBUM

Bicho do dia: Águia (3007)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

17º Dia: Boi da Cara Preta

                  Boi, boi, boi, boi da cara preta pega essa criança que tem medo de careta. A psicologia das canções de ninar tem muito haver comigo. Essa que citei acima amedronta a criança e ai dela que não durma, pois o tal boi da cara preta vem pegar. Tem o bicho papão, a Cuca, o velho do saco e outros entes que ajudam os pais na educação de seus filhos queridos. Canções lindas com letras horripilantes. Há quem diga que existem muitas canções assim quando os filhos se tornam adolescentes, mas com a sorte de serem em inglês e já não causarem tanto medo. São as boybands e as girlbands dando continuidade ao processo educacional com auxílio da música. Os filhos crescem e vão para a Universidade. Agora eles voltam a entender o significado das letras, cantam, gritam, se escabelam. E assim temos mais seres humanos formados e educados com o auxílio luxuoso da MPU. Música Popular Universitária, nas suas versões pagode, sertanejo, forró, funk, arrocha e outras mais. A espinha dorsal da música brasileira ajudando a formar os cidadãos do futuro. Gosto de todas, mas confesso que prefiro as canções de ninar, elas me acalmam e me dão ideias pros meus afazeres diários (não este ano, pois agora meu trabalho é este blog). As boybands me deixam tonta com suas dancinhas e as universitárias são muito complexas pra mim. O Sandro Dornelles, dia desses com a missão de por pra dormir seus sobrinhos, pensou em cantar uma versão do boi da cara preta misturada com boybands e forró universitário. Era uma coisa tipo o boi da cara preta fazendo uma dancinha e cantando “ Criança vai dormir, senão, ai se eu te pego...”. Graças ao bom deus ele se deu conta que isso poderia causar um trauma em seus sobrinhos. Melhor uma etapa de cada vez. O Sandro acabou cantando “ Papai Noel velho batuta / rejeita os miseráveis / eu quero matá-lo / aquele porco capitalista / presenteia os ricos / cospe nos pobres!” Muito mais educativo. E ao som de Garotos Podres deu início a 4º Guerra Mundial de Travesseiros.

Música do dia: Aos Vinte e Sete (Edu Krieger)  http://www.youtube.com/watch?v=OxM6etZ921U

Bicho do dia: Touro (7881) 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

16º Dia: Festa Imodesta

                  Olha a célebre e festiva frase que escolhi para botar na faixa que fica no umbral de entrada do mundo e que me deixa muito orgulhosa: TUDO DÓI!

Música do dia: Boi da Cara Preta  http://www.youtube.com/watch?v=rV4UZ_mZwRQ


Bicho do dia: Preguiça (9xxx)  

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

15º Dia: Isso não vai ficar assim

                   Quando se bebe com os amigos vem aquela euforia, aquela alegria do festejo, só que algo lá no fundo de cada bebedor sabe que isso não vai ficar assim. Mas deixa o povo festejar que hoje é dia do compositor e resolvi abrir um espaço pro Sandro Dornelles. Vocês já me viram falando dele aqui no blog. Pois é, o cara é compositor e tem uma parceria com o Zeca Barreto, chamada “Incentivo à Cultura”. Depois dessa música as Leis de Incentivo nunca mais serão as mesmas. Bom, então se isso não vai ficar assim, escreve essa letra duma vez aí, Sandro:

“Incentivo à Cultura
Quando é que vai por letra aí?
Eu já pedi
Se tá te faltando caneta eu posso dar.
Quando é que a letra vai sair?
Que se entocou
Cutuca pra filha da puta se mostrar.
A melô tá bem manêra
Fiz com esmero
Word no computador é pra usar
No busão, na fila, lenha
Molha a ideia
se for cagar vai ter papel por lá.
Ó, não esquece, vai pro CD, mané
Acaba essa porra de uma vez!”

Como vocês podem notar o cara ri da própria lentidão pra fazer as letras dos parceiros. É um cara de pau mesmo!

Música do dia: Festa Imodesta (Caetano Veloso)  http://www.youtube.com/watch?v=UbnHYy895F8

Bicho dia: Urso (7192)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

14º Dia: Rua da Passagem

                  Sim, até onde sei pelos estudos que venho fazendo, a rua deve dar passagem, ela é uma passagem de um lugar para outro, onde “o direito de ir e vir é plenamente realizado”. Pelo menos deveria. Porém sabemos do problema sério que sofre o mundo atual e que entope as ruas: é a explosão carrográfica. Nossa Senhora, é carro que não acaba mais! Será que esses bichinho não tem televisão em casa? Ou então que se invente um método contraceptivo para carros, porque até esses carros-adolescentes que mal saíram das fraldas já estão engravidando. Mamãe e papai carro, segurem seus filhotes. Educação é tudo, ouviram? Tomem providencias! É pedir demais? Ninguém quer que seu filho vire um carinho-choque e saia por aí dando bordoadas nos outros. E o estado da saúde, um caos. Basta ver nas ruas esses carros velhinhos, tossindo fumaça, pingando óleo e tendo que trabalhar ainda e congestionando tudo e sendo achincalhados pelos carros mais novos com seus motores estrondosos de pau pequeno. Um acinte! Aposentadoria já! E a segurança? É um tal de air bag frontal e no traseiro; cinto de segurança pra esconder a barriguinha e até butox nos lábios parachoqueanos. Onde vamos parar? O pior é que já paramos, não tem mais rua que chegue a tempo. E o que esses coitados vão comer? Olha o preço da gasolina, do álcool, do óleo diesel! Sinceramente, não me admira nem um pouco o surgimento quase corriqueiro de novas Christines. Se meu fusca falasse ele diria “com licença, por favor”, mas só lhe resta buzinar e com isso gerar mais desentendimento, batidas, colisões e acidentes pelos engarrafamentos afora. Então me pergunto: afinal de contas, quem são os responsáveis pelos carros do mundo?


Música do dia: Isso não vai ficar assim (Itamar Assumpção)  http://www.youtube.com/watch?v=h_tUto4Uki8


Bicho do dia: Camelo (6231)

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

13º Dia: Elevador

                 As músicas de elevador eram um dos maiores testes de sanidade do mundo.  Um teste com zero de aprovação. Obviamente, quando se estivesse dentro do elevador. Duvido que um ascensorista que ficava o dia inteiro subindo e descendo os andares com aquilo nos ouvidos, não tivesse pedaços de pessoas em potes no porão de sua casa, ou que não desse eletro choques em algum porquinho da Índia ou que, enfim, não sofresse de algum tipo de psicopatia. Ninguém merece. Os elevadores são caixotes de inconveniência que sobem e descem. Além da musiquinha, tem o sujeito que assovia, o que batuca, o que canta alto a música alta que está nos seus fones de ouvidos e o que faz as três coisas ao mesmo tempo. E o puns? (sim, puns, plural de pum). Sem comentários.Tem também os claustrofóbicos que contagiam os outros passageiros com seu pavor. Tem a eminência de arrebentar os cabos e despencar lá das alturas. Tem os que abrem a porta no sétimo andar, mas nunca entram e te deixam esperando. E nem me venham com esse papinho retrô de portas panteo mother fucks! Muitas inconveniências. Ainda assim, preferível elas do que subir trocentos andares de escada. Mas é na porta, pelo lado de fora, dessa caixinha de surpresas está a frase que demonstra toda a sapiência da raça humana: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se no andar”. Gênios!


Música do Dia: Rua da Passagem(Lenine/Arnaldo Antunes) http://www.youtube.com/watch?v=A3WbWOBJxks


Bixo do Dia: Porco (1269)

domingo, 12 de janeiro de 2014

12º Dia: Vingança



                  Dizem que é m prato que se come frio. Há controvérsias. Se não me engano, o personagem do Poe que emparedou um desafeto, não demorou muito para fazê-lo. Em pouco tempo encontrou o tal desafeto, levou pra uma adega subterrânea com a desculpa de provar um bebida de um tal barril de Amontilado e pronto: foi feita a maior Vingança da história. Comeu o prato ainda quente, sem remorso. Se não me engano de novo, um tal Conde de Monte Cristo ficou anos numa  masmorra tramando sua vingança e quando finalmente a executou não viu mais sentido naquilo. Comeu o prato frio demais.
                  Só com estes dois exemplos de vingança ficcional já me permito expor minhas conclusões. Pessoas do mundo real, não demorem muito para se vingar, caso tenham a intenção de fazê-lo, pois periga, com o tempo, nem saberem mais o porquê. E digo mais, comam o prato vingança ainda quente, nem que seja requentado no micro-ondas. Não corra o risco de esperar tanto pra que esfrie o prato, você pode sentir tanta fome que vai acabar comendo uma barrinha de cereal e lá se vai a vontade de comer. “Ai, DOR, você está fomentando a vingança?”. Claro, costumo divulgar minhas melhores amigas.

Música do Dia: Elevador (Almôndegas) http://www.youtube.com/watch?v=_EiEa4H7bHA

Bixo do Dia: Burro (4911)

sábado, 11 de janeiro de 2014

11º Dia: Que Trabalho é Esse?

                  Minha profissão é a mais antiga do mundo. Muito antes das putas. Essas moças que, embora muitos não concordem, são cidadãs. No primeiro parto da história lá estava eu fazendo a mãe suar e chorar aos cântaros. E lá estava eu também quando este primeiro rebento abriu a goela pra berrar seu primeiro choro. Tenho me aprimorado nos meus serviços numa crescente proporcional ao crescimento populacional da humanidade. Quando o macaco-homem teve a sacada de matar seu pai e ir de encontro a outras tribos pra dar início a evolução da espécie, lá estava eu na marretada na cabeça do macaco velho e no sofrimento da partida do homem novo. Quando  Édipo comeu a própria mãe sem saber, eu já sabia e tome DOR no lombo. Eu pari a tragédia toda, como vocês bem sabem. E assim tem sido no decorrer dos séculos, vocês vão evoluindo, eu também. Alguém poderá dizer que tal foi minha evolução, que a gradual especialização que fui tendo culminou na elaboração deste blog,  representação máxima da DOR para quem o lê. Fica de ironia, que ano que vem eu volto a ativa e você poderá ser um dos primeiros a ser visitado.

Música do Dia: Vingança (Lupicínio Rodrigues) http://www.youtube.com/watch?v=ZXFginzWtFc


Bicho do Dia: Zebra (um milhar qualquer a sua escolha)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

10° Dia: A Seta e o Alvo

                  Dificilmente erro onde miro para acertar. Quando se tratando de vocês humanos é mais difícil ainda de errar, pois mesmo quando existe a possibilidade do erro, vocês dão um jeito de achar a seta perdida. Um alvo que se move em direção à seta. A verdade é que não me podem ver quieta que tratam de pegar em um fio desencapado, de dar marteladas às cegas nos próprios dedos e não no prego, de enfiar o dedo, o nariz e outras partes do corpo em lugares de alta periculosidade e mais outro tanto de idiotices que alguém ao seu lado pode estar fazendo nesse exato momento. O autoflagelo é meu primo segundo, só que além dele existem as dores causadas por vocês a outros da mesma espécie. Uma lista infinita, mas tratarei disto outro dia, pois coisas tão horrendas que me fazem suspeitar que minha existência se deva, em muito, a vocês próprios. Mesmo assim, sou mais eu. Agora, uma coisa é certa: fora o macaco velho, é sina dos homens meter a mão em cumbuca. É aí que eu entro, porque pra tirá-la da cumbuca vai ter DOR e assim perpetua-se o meu trabalho na Terra.

Música do Dia: Que trabalho é esse? (Canta: Paulinho da Viola) (De: Zorba Devagar/Micau) http://www.youtube.com/watch?v=BESk7tXTIcE

Bicho do Dia: Peru (3580)

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

9° Dia: Quem Ri Melhor

                  Hoje acordei mais bem humorada. Pena que não sei sorrir, a muito custo quando vejo uma boa tragédia, mas todos sabem que minha função este ano é única e exclusivamente escrever neste blog, então, por hora, deixemos de lado as catástrofes. Tem me intrigado muito este verbo sorrir. É um tal de “fulano está rindo a toa”, “morrendo de rir”, “a vida sorriu pra ele”, “que sorriso lindo” e outros vários sentidos, entre eles o paradoxal “chorar de rir”. Embora eu também não chore, sei muito bem o que é fazer chorar. Não me contive e fui atrás da etimologia deste verbete. Porque essa gente ri tanto? Acabei não descobrindo muita coisa, pois tive preguiça já no início da empreitada. Preferi comer minhas alcaparras ao cair da tarde. Sandro Dornelles dia desses, em um momento de alegria dele e irritação minha, deixou escapar um “a DOR deve estar com um sorriso amarelo”. Pensei em mim encarnando em algum asiático, mas logo descobri que o Sandro tava tirando uma com minha cara. Isso me parece ser um sintoma de saudade, mas não vou vê-lo. Não adianta! Não adianta! Acontece que hoje, o rapaz que me zoou foi pela primeira vez no ano tomar banho de mar e, segundo ele, salgar “as jóias da família”, para tirar o azar. Aos gritos de “sai de mim força estranha!” deu o primeiro mergulho e ao levantar viu que estava sem bermuda e que muitas pessoas na praia puderam ver as tais “jóias da família” sem cortes. Entendi de pronto o lado mais meu do verbo sorrir: quem ri por último, ri melhor.

Música do Dia: A seta e o alvo (Paulinho Moska) http://www.youtube.com/watch?v=nxhzmCUvkcU

Bicho do Dia: Carneiro (0026)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

8° Dia: Escândalo

                  O dia de folga que tirei ontem me deixou um tanto irritada. Um diazinho só e todos já ficam festejando, exaltando e elogiando o Prazer. E dando no meu saco. Sei que saco é coisa do gênero masculino e eu sou, segundo as convenções, do gênero feminino,  mas vai, é unissex quando igualada a encheção. E mesmo porque, nas minhas andanças por aqui, tenho visto algumas damas coçando o saco com mais masculinidade que muito homem. Um escândalo! E também vejo pessoas tentando coçar a perna amputada. Outro escândalo! Coçadas e encheções de saco a parte, juro que se não estivesse que estar aqui escrevendo, estaria dando um jeito de cortar as asinhas do Prazer e dessas pessoas felizinhas. Como não posso fazer isso, resolvi dar uns gritos pra desestressar. E que saco esse word com essas linhazinhas vermelhas embaixo das palavras! É isso mesmo: desestressar, felizinhas, encheções, diazinho! Porra, esse troço não reconhece nem o próprio nome! Só gritando mesmo. Fazendo escândalo! E saibam que quando estou puta os meus gritos causam DOR. Por isso, quando vocês ouvirem carros com mil autofalantes a todo volume pelas ruas e nos postos de gasolina ou quando ouvirem uma coisa que parece música estourando seus ouvidos em algum meio de transporte público, podem ter certeza que sou eu gritaaaando!

Música do Dia: Quem ri melhor (Canta: Zé Renato, Chico Buarque (com Sandro Dornelles no coro!hahaha!)) (De: Noel Rosa) http://www.ouvirmusica.com.br/ze-renato/281361/#mais-acessadas/281361


Bicho do Dia: Vaca (6900)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

7° Dia: Ramo de Delírios

Se eu sou o lugar onde o Prazer sentou pra descansar, posso muito bem dizer que o Prazer é o lugar onde eu parei pra descansar.  A bíblia diz que Deus descansou no sétimo dia. Pensando sobre o caso cheguei à decisão de fazer o mesmo. A única atividade do dia era ir ao aniversário de 68 anos da mãe do Sandro, mas achei que seria injusto com a querida senhora me fazer presente em momento tão alegre. Entregarei meu ramo de Delírios para outra pessoa, num outro dia. E também acho que DOR não combina muito com ar marinho. Então, Prazer, aproveite, porque hoje eu tirei o dia pra não fazer nada.

Música do Dia: Escândalo (Canta: Ângela Rorô) (De:Caetano Veloso) http://www.youtube.com/watch?v=m8Kin4Co3KI

Bicho do Dia: Leão (3363)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

6° Dia: Alguém Dirá

                  Alguém dirá que tenho abusado das certezas sobre ter meu dedo em todos os acontecimentos importantes do mundo, da religião, da literatura, etc. E até da vida do Sandro Dornelles. Não que o Sandro faça parte da lista das coisas mais importantes do mundo, mas ele tem o crédito de ter me libertado. Embora, na verdade, quem se libertou dele fui eu, mas é melhor ele acreditar que tem o tal crédito. Como eu ia dizendo, alguém dirá que eu disse que sou da linhagem das semideusas (o certo seria dizer que eu estou entre a linhagem que fica no meio do caminho entre Deusas e Semideusas, mas vocês já devem ter notado que é da minha natureza ser humilde). Meus caros, isso aqui é um diário das minhas impressões do mundo e o próprio mundo tem me mostrado que sou de suma importância. Alegria, felicidade e afins, são meros coadjuvantes, perfumarias para o mundo dominado pelas dores. Deixem que os otimistas que falem o que quiser. Como falei anteriormente, infelizmente, não posso sentir as emoções humanas, mas estou sacando tudo que acontece. Alguém dirá que sem sentir as emoções não posso sacar coisa alguma. Não é bem assim. Veja bem: alguém dirá “passa Gelol que passa”. Ingênuos, só passará se eu quiser.

Música do Dia: Ramo de Delírios (Guinga/Aldir Blanc) http://www.youtube.com/watch?v=X5IEV7holMs
Bicho do Dia: Águia (1007)