Novas Histórias

Novas Histórias
Foto de Ju Vinagre

domingo, 31 de janeiro de 2016

30º Dia: Ouro de Tolo



                  Trabalhou como um condenado a vida toda sonhando que encontraria um arco-íris que o guiaria até o pote de ouro. Todo o dia pelo menos uma vez olhava para o céu. Gostava dos céus que tinham sol se abrindo logo após as chuvas. Olhava, olhava, procurava, rezava, quase implorava, mas nada do tal arco colorido. De tanto olhar pro céu acabou ficando cego. E assim que deixou de enxergar sentiu que as cores do arco-íris eram agora as cores da sua pele. Momentos antes do seu derradeiro fim deu um sorriso tolo em tons arcoirizados e entendeu que o ouro esteve sempre com ele.

Música do Dia: Viagem (Taiguara).
Pra quem quiser ouvir na íntegra o histórico “Imyra Tayra Ipy”, taí:

Bicho do Dia: Burro (2212).

sábado, 30 de janeiro de 2016

29° Dia: 29 Beijos



                  Pois é, chegamos ao 29° dia. E vamos seguir até o final de dezembro nessa toada. Quem me dera poder dar 29 beijos em cada um de vocês hoje, mas meus carinhos não são muito bem quistos. De qualquer forma eu beijo quem eu quero na hora em que me der vontade, mas sou muito justa e quem eu beijo sabe porque está sendo beijado ou beijada. Algum Zé Ruela pode estar lendo isso agora e pensando “viu, eu sou que nem a DOR, eu beijo quem eu quero e a hora que eu bem entendo”. Préstenção rapaz! Os beijos dos quais estou falando, os meus beijos, são no sentido figurado, portanto se você acha que só por que é carnaval pode sair metendo a mão e beijando as moças na marra, você é um idiota com quem eu gostaria muito de cruzar numa micareta e encher de beijos. Se liga aê o rapá! E por falar aê, deixa-me ir pra começar a pensar na fantasia que eu vou usar e em quem merecerá ser beijado por mim no carnaval semana que vem. 29 mil beijos de confete e serpentina pra todo mundo! AÊ AÊ AÊ Ô Ô Ô ÔÔÔÔ!!

Música do Dia: Ouro de Tolo (Raul Seixas). (De: R. Seixas).

Bicho do Dia: Águia(8705). 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

28º Dia: Hospício



                 Muito já foi dito sobre os hospícios, principalmente questionando os métodos usados para com os considerados como loucos: até onde a medicação é útil e necessária, os maus tratos, as condições precárias de muitos das instituições, a segregação, enfim. Muitos pensadores, psicólogos, médicos psiquiatras, cineastas, artistas plásticos e escritores já vêm abordando o tema há tempos com muito mais conhecimento de causa do que eu, embora eu já acompanhe a loucura desde o início do que veio a ser chamado de humanidade, o que faz com que não me furte a um comentário, o meu ponto de vista da coisa. E serei breve. Quando Deus botou os homens para habitarem o mundo, resolveu botar na entrada de seu planeta uma plaquinha bonitinha onde se lia “Hospício”. Depois os homens inventaram a bíblia, mudaram o nome do planeta, internaram Deus numa casa bonitinha por fora, colocaram a mesma plaquinha na entrada e o botaram pra dormir pra sempre a base de remédios tarja preta, preta, pretinha, sem jamais abrir as portas e as janelas e sem ver o sol nascer.

Música do Dia: 29 Beijos (Novos Baianos) (De: Moraes Moreira / Luis Galvão).

Bicho Dia: Avestruz (2903).

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

27º Dia: Despirocar



                 Depois de muito tempo tentando, ele, que tinha alma de ela, conseguiu marcar sua cirurgia de mudança de sexo e despirocou. Despiu-se e ao se ver no espelho despirocado, despistou o medo e foi feliz.

Música do Dia: Hospício (Amado Batista).

Bicho do Dia: Vaca (1000).

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

26º Dia: Estátua da Paciência


                O rapaz chegou no mesmo horário, no mesmo ponto, no Largo do centro. Todo prateado jogou a caixinha também prateada no chão, subiu no pedestal e não se mexeu mais. De uma janela ali perto uma senhorinha observava tudo. Depois de um tempo, viu que as pessoas passavam e jogavam coisas dentro da caixinha. Ela pensou “quem será que esse rapaz está esperando assim imóvel? Parece uma estátua”. Ficou intrigada porque durante o dia todo cada vez que olhava pela janela lá estava o rapaz prateado esperando um alguém que nunca vinha. “Que maldade, pobre rapaz”. À tardinha lá foi ela mais uma vez dar uma espiada. Viu que o rapaz descia do pedestal, pegava sua caixinha e saia caminhando lentamente, triste, pelo menos para ela. Vibrou com a atitude do rapaz e gritou pra ele bem alto: “isso meu filho, vá embora mesmo e nunca mais espere esse(a) desnaturado(a) que o deixou aí plantado o dia todo!”. Fechou a janela e ainda injuriada pensou “que paciência que tem esse rapaz, eu já teria ido embora na primeira hora. Esse mundo não tem mais jeito mesmo”.

Música do Dia: Despirocar (Apanhador Só). (De: Alexandre Kumpinski / Ian Ramil).

Bicho do Dia: Veado (8593).

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

25º Dia: Paulista



                  Tenho tentado diariamente manter uma relação amigável com a Criatividade. Ela é difícil, mas eu admito que também não sou fácil de lidar. Tem dias que ela vai ao meu encontro, mas quase sempre sou quem vai encontrá-la. Às vezes ela me recebe muito bem humorada e generosa, outros dias, nem tanto. Já aconteceu, nem uma nem duas vezes, de estar num mau humor terrível. E quando está insuportável, a fim de briga, tenho que apelar lembrando-a que me deve alguns favorezinhos e no fim sempre ficamos numa boa. Hoje, dei com a cara na porta e li o bilhete: “fui dar um rolêzinho na Paulista e já volto”. A data do recado era de ontem e ela ainda não tinha voltado. Fui dar um rolê também, que não sou de esperar por ninguém, nem mesmo por ela. Retornei tarde da noite e nada. Hoje tive que me virar sozinha. Que ideia a minha, esperar previsibilidade da Criatividade. Ah, mas ela me deve uma.

Música do Dia: Estátua da Paciência (Caola). (De: Noel Rosa / Jerônimo Cabral).

Bicho do Dia: Urso (7192).

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

24° Dia: O Seu Suor é o Melhor de Você



                Desde os tempos em que expulsaram a galera do paraíso que eu venho falando isso. Acho que minha existência começou naquela época. De lá pra cá isso só tem se confirmado. Eu que o diga. Muitos mil anos de trabalhos prestados com afinco à humanidade. Muito suor. Mas só fui entender o que é suor, suor mesmo, quando decidi começar a escrever.

Música do Dia: Paulista (Anna Tréa). (Meus parabéns pra a Pauliceia Desvairada!).


Bicho do Dia: Tigre (1788).


       

domingo, 24 de janeiro de 2016

23º Dia: Caravana



23º Dia: Caravana

                  Essa história é baseada em fatos reais que nunca aconteceram de fato. A caravana das caravns estava pronta pra sair. O menino não via a hora de entrar no carro e cair na estrada com o pai. Seria a primeira viagem só dos dois. Do colo do pai o menino olha ansioso para o amontoado de carros na frente da caravana que não se movia. “Quando vamos sair? quando vamos sair?” era só o que perguntava. Tinha algo atravancando a saída da caravana. O pai deu um dinheiro pro menino comprar um picolé pra ver se ele se acalmava. A esta altura já tinha gente vendendo picolé, água e tudo mais na beira da estrada das caravans que não saiam. Voltando pro carro o menino olhou pra caravan, modelo antigo, esperançoso que agora correriam mundo. Passaram-se horas e nada. Passaram-se meses e nada. E assim foram-se anos. Ao redor da caravana que nunca foi uma caravana, pois não saiu, formou-se um povoado que depois foi emancipado. A cidade se chamou Caravana. O menino, já crescido, tinha um próspero negócio de venda se souvenires, cujo principal produto era um chaveirinho em formato de caravan que os turistas adoravam. O pai do menino, quando o menino ainda era menino, depois de não saber mais o que dizer pro filho depois de tanto tempo esperando a saída, foi até a frente da caravana pra ver o motivo do estancamento e nunca mais voltou. A caravan, modelo antigo, está lá no mesmo lugar de onde nunca saiu e suas rodas são o lugar predileto dos cães que nunca ladraram, porque a caravana das caravans não passou, mijarem.


Música do Dia: O Seu Suor é o Melhor de Você (Mundo Livre S/A). (De: Tony Regalia).
Bicho do Dia: Touro (7881).

sábado, 23 de janeiro de 2016

22° Dia: Parece que Bebe



                Cerveja sem álcool que parece cerveja, leite sem lactose que parece leite, cigarro eletrônico sem nicotina que parece cigarro, café sem cafeína que parece café, pão sem glúten que parece pão. Fora um monte de gente que parece o que não é, humorista sem graça que parece engraçado e mais um outro tanto de parecenças. Vou contar uma coisa pra vocês, humanos: pra mim quem parece que bebe é esse mundo. Só que bebe cerveja sem álcool.

Música do Dia: Caravana (Geraldo Azevedo). (De: G. Azevedo/Alceu Valença).

Bicho do Dia: Peru (7277).

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

21º Dia: Amor Vira Lata



                  O amor vira lata, enferruja, corta e viraliza.


Música do Dia: Parece que Bebe (Itamar Assumpção).
Bicho do Dia: Pavão (1974).

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

20º Dia: Cansaço



                  Os engraçadinhos já devem estar falando “pô, a DOR mal começou a escrever de novo e já ta sentindo cansaço?” e blá blá blá... Não! Me aguardem, que minha conversa com vocês tá só começando. O meu cansaço advém de outros mimimis e chororôs. Vou te contar pra ti, como dizem em Cachoeira do Sul. (Esta é a cidade natal do Sandro Dornelles, onde me conheceu pela primeira vez. Na verdade fui visitar Dona Sônia sua mãe que dava luz ao citado ser, mas aproveitei o ensejo para dar meu olá pra ele que aos berros saía do tranqüilo e indoído útero materno.). Olha, é muita lamúria. Apertam um dedinho na porta e lá vou eu. Marteladinha corriqueira e já me chamam. Mindinho na quina da cama e buáááá! Porra, eu tenho mais o que fazer. Vocês, humanos, cansam minha beleza. Tudo bem, tô aqui pra isso mesmo, mas quando for coisinha pouca me deixem quieta, que fora as demandas todas que eu tenho, quero meu tempinho comigo mesma pra escrever meus textículos. Por falar em nisso, deixem-me ir que um rapaz acabou de tomar uma bolada nos países baixos.  Quem é mulher também sabe que homem é tudo fiasquento, mas uma bolada nos ovos é um chamado ao qual atendo com prazer. Quem é homem sabe do que estou falando. Ah, quer saber, cansei!

Música do Dia: Amor Vira Lata (Wando).

Bicho do Dia: Porco (2169).

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

19° Dia: Tempo Rei

                 

                  E o Tempo imperou por todo o sempre. Sem FIM.

Música do Dia: Cansaço (Amália Rodrigues). (De: Luís de Macedo / Joaquim Campos).



Bicho do Dia: Macaco (5766).

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

18º Dia: Ai Ai Como Eu Me Iludo



                  Nessa frase título o “ai ai” fica pra vocês, humanos, que se iludem e depois ficam chorando pelos cantos. Se iludem com tudo. Propagandas de carros, de cerveja e outras tantas. Se iludem que alguém trará a pessoa amada em três dias. Se iludem com coisas tipo: “esse ano vou mudar”, “meu salário vai durar até o final do mês”, “esse mês vou ganhar um aumento”, “ ele me bateu, mas foi só essa vez, não vai se repetir”, “ela trata mal os garçons, os meninos de rua, os empregados, mas é legal”, “vou ficar rico jogando na mega ou no bicho”, “vou ficar rico trabalhando”, “não gosto de gays e negros, mas não sou homofóbico nem racista”. E as já clássicas: “dinheiro não traz felicidade” e “eu só boto a cabecinha”, como bem disse nosso filósofo Costinha. E outras tantas. Enfim, um mar lamacento de ilusões pra se afundar diariamente. Mesmo assim, devo confessar que mesmo não me iludindo mais com vocês, humanos, ainda me surpreendem, pois se tem uma coisa na humanidade que admiro é a esperança. A esperança é um conceito que nunca vou entender, mas respeito, pois ela é uma ilusão que não ilude. Portanto, tenham esperanças, mas não se iludam. E se alguns de vocês têm a esperança de eu não mais aparecerei em suas vidas, até acho válido. Só não se iludam, porque eu aparecerei. E mais rápido do que imaginam. Beijinhos doídos pra todos.

Música do Dia: Tempo Rei (Gilberto Gil).

Bicho do Dia: Leão (8563).

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

17º Dia: O Cu do Mundo



                  Um título dessa magnitude me leva a compor um texto lógico e breve. Se o cu, também conhecido como ânus, é o orifício no final do intestino grosso por onde saem as fezes ou gases intestinais, num bom português, por onde sai a merda, então concluo que o mundo não tem um, mas sim vários cus, dada a quantidade de merda que andam fazendo pelo mundo a fora. Brigado.

Música do Dia: Ai Ai Como Eu me Iludo. (O Terno). (De: Tim Bernardes)
Bicho do Dia: Jacaré (0060).

domingo, 17 de janeiro de 2016

16° Dia: Crystalline (Cristalino)



                  Límpido, imóvel, era possível ver os seus pés no fundo do lago cristalino. Décadas atrás os mesmos pés pisavam em britas aquecidas por um forte sol num céu cristalino. Cágados nas nuvens se transformavam conforme o vento em outros seres que eram vistos graças ao ainda perfeito funcionamento dos olhos de quase inalterados cristalinos. Ávido por novas experiências corria o mundo com a alma cristalina. Intrépidos, os mesmos pés que cruzaram estradas e pisaram em britas quentes, agora pisavam a areia fina no fundo do lago cristalino. Áspero, o céu manchado perdia seu ar cristalino. Lívida, a presbiopia atacava com a ajuda dos anos o seu cristalino. Proparoxítonas de todos os tipos invadiam o início de suas frases e com o passar do tempo o desqualificavam, independente das qualidades boas ou más dos cristalinos. Gramáticas, nem reformas ortográficas, nem médicos, nem máquinas, nem mágicas o livraram das proparoxítonas começando as frases de sua vida cada vez menos cristalina. Féretro por féretro um dia chegou o dele na hora mais cristalina. Cristalino no fim da frase virou cristalino no início e com ele foram todas proparoxítonas entaladas, palavrões proparoxítonos que não existiam para que proferisse o seu desabafar para o mundo e, assim, sua rubrica não assinaria o enredo dessa história turva-esdrúxula.

Música do Dia: O Cu Do Mundo (Caetano Veloso).

Bicho do Dia: Gato (8455).

sábado, 16 de janeiro de 2016

15º Dia: 14 Anos



                 Os 14 anos antes do fim do mundo foram os melhores da humanidade. Parecia que de alguma forma estavam prevendo tal fim e todos acharam melhor levar uma vida mais tolerante para com os da sua espécie. E para com os das outras espécies também. Tudo começou a funcionar: escolas para todos, hospitais decentes, a degradação do meio ambiente diminuía a todo vapor, a criminalidade era quase zero. Enfim, o mundo estava ficando praticamente perfeito. Tudo ia bem. Deus estava praticamente esquecido. Sem mais nada o que fazer Deus achou que podia dormir. E foi aí que o De(u)sCriador ficou 14 anos sonhando.

Música do Dia: Crystalline (Björk).

Bicho do Dia: Baleia (Baleia, Baleia).

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

14º Dia: Brejo da Cruz



                  A novidade no Brejo era que chegaria para se apresentar o famoso grupo de sapos cantores para a comemoração do dia do aniversário da localidade alagadiça. Ficou o maior burburinho nos pântanos. O show seria na praça que já vinha sendo enfeitada há semanas. Viriam animais de outras regiões, cujo habitat nem era aquele, só pra participar da festa. Chegado o grande dia, a praça do Brejo foi enchendo antes da hora do grande show. Sapos, lagartixas, insetos dos mais variados tipos e tamanhos, gatos, cachorros, enfim uma bicharada e tanto, até a vaca foi pro Brejo. Finalmente, o apresentador subiu ao palco. Era um jabuti de voz grave, bonita, um famoso radialista do Brejo. Quando todos esperavam, ansiosos, o anúncio da boyfrogband, as palavras do jabuti foram um balde de água fria. Ele comunicou ao público que os artistas se atrasariam porque a enorme cruz que ficava na beira da estrada havia caído e bloqueado a única entrada que dava acesso ao Brejo. O show acabou sendo cancelado. Chamaram a louca do Brejo, Joaninha da Cruz, conhecida por cantarolar canções desconhecidas que mais pareciam ladainhas pelas ruas, para alegrar um frustrado público. Para surpresa de todos, ela cantou a maioria das canções que faziam sucesso na voz dos famosos sapos. Foi ovacionada. No outro dia, os meios de comunicação, depois de vasculharem o passado de Joaninha da Cruz, a louca do Brejo, descobriram que ela era nada mais nada menos do que a compositora da maioria das músicas da tal banda pop star. No dia do aniversário do Brejo os célebres sapos só não cantaram por causa da cruz caída na estrada, mas também jamais cantariam se não fosse a outra Cruz, a Joaninha, agora conhecida como a compositora do Brejo.

Música do Dia: 14 Anos (Paulinho da Viola / Elton Medeiros).(De: Paulinho da Viola).

Bicho do Dia: Galo (6150).

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

13º Dia: Luz



                Passado o mau humor de ontem, continuei minha incessante procura pela luz. Fui ver as notícias dos jornais televisivos, mas só vi trevas. Eles continuam forjando: protegendo uns, os de sempre, e crucificando outros, os de sempre também, e falando a palavra crise 28 horas por dia. Com o poder de convencimento que parecem ter sobre vocês, humanos, seria fácil pra eles lhes convencer que Darth Vader é o mocinho do Star Wars e que nunca foi do lado negro da força, que o Dark Side of de Moon é um disco de axé com o novo hit do verão e que “O Iluminado” é um filme solar para crianças. A seguir, fui para um parque de diversões, mas já no primeiro brinquedo, adivinhem, faltou luz. Fui ouvir música e o primeiro verso que ouvi foi “dia de luz, festa de sol...”, achei uma piada de mau gosto e desliguei o som. Olhei pela janela e vi que a chuva havia parado e que um belo raio de luz atravessa uma nuvem espessa e pensei, bom, ta melhorando. Animada, fui ler os bons e velhos clássicos da literatura na esperança de clarear de vez as idéias. Depois de muita poesia, conto, romance e crônica de qualidade ímpar, me dirigi inspiradíssima pro computador. Eu olhei pra tela em branco do Word e ela olhou pra mim, em branco também. Concluí que ser a DOR e ser escritora ao mesmo tempo nesses tempos de hoje dá muito trabalho. Daí então a lampadinha sobre minha cabeça se acendeu. Corri até a cozinha e preparei um suco de Luz. Bebi tudo num gole só. Embebida de luz voltei para o computador e compartilhei com todos a receita do suco. Então, quando você estiver desiluminada como eu, beba luz, ou se alimente dela como a criançada do Chico Buarque. Não supre sua falta de inspiração para escrever, mas qualquer pum, arrotinho, coco ou xixi que você fizer será brilhante.Tomara que os telejornais não roubem minha ideia.

Música do Dia: Brejo da Cruz (Chico Buarque).

Bicho do Dia: Vaga-lume. (Luz sim luz não luz sim luz não...)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

12º Dia: Palitoterapia



                  Nossa, não sou de esmorecer, mas hoje me sinto como um fósforo na chuva. Preciso de sol para me deixar secar e voltar a funcionar para que minha cabeça volte a dar luz. Que amanhã eu torne a iluminar os pensamentos de vocês, humanos. Por hora, tenho a impressão que serei um palito de fósforo que permanecerá eternamente encharcado. Se não sou tudo que sou iria para terapia. Embora digam que escrever todo dia é minha terapia. Pode ser. Por hora deixo apagar a chama que não existiu hoje com a certeza que amanhã qualquer mínima fagulha, qualquer mínima faísca acenderá minha genialidade e serei salva das trevas que agora pairam sobre minha animação criativa. Consequentemente, salvando-me, salvá-los-ei também.

Música do Dia: Luz (Djavan).

Bicho do Dia: Elefante (5247).

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

11º Dia: Rebel Rebel (Rebelde Rebelde)



                  Bom, pra quem ainda não me conhece e caiu de pára-quedas aqui, eu sou a DOR e ficarei durante este ano de 2016 postando textos diariamente nesse blog. O método é o seguinte: cada dia eu indico uma música e o título da música indicada será o título do texto do outro dia. O texto do outro dia não necessariamente respeitará o conteúdo letrístico da música do dia anterior. Capit? Então, embora eu seja internacionalmente conhecida, a língua escolhida por mim para escrever neste blog foi a Língua Portuguesa, a última flor do Lácio. Além de uma preferência minha, esse idioma facilitará minha comunicação com meu ajudante, o uniglota Sandro Dornelles. Mas porque esta explicação toda? Só para explicar para quem não conhece que nem sempre as músicas são brasileiras e quando são em outro idioma, os títulos são, naturalmente, em outro idioma e, sendo assim, eu as traduzo (do meu modo) para o Português. E eu sou rebelde, muito rebelde nas traduções, fazendo uso de meus dons poéticos para tanto. Hoje por exemplo: Rebel Rebel. Minha vontade era traduzir Rebervére Rebervére, do verbo reberverar. Neologismo meu para designar reflorestamento, replantio, inspirado numa corruptela latina de arbore, árvore. Siga o raciocínio. Rearvóre. Rebeleza. Renove a beleza com a árvore. Então: renovação + da beleza + com mais árvores = rebervére! Sou ou não uma jênya? Entretanto meu oráculo, Mr. Google Tradutor, acabou me convencendo que a rebeldia em certas traduções, por mais poéticas que sejam, levam a uma absorção caótica dos saberes. Por fim, acabei traduzindo por rebelde mesmo. Rebelde do latim rebellis. Rebellis, vocábulo que atravessou os tempos e que continua no idioma Mussum, significando aquele que não acata ordem ou disciplina, insubordinado. Conclusão: hoje a minha tradução do título não foi rebelde, pois continuou rebelde. Cacildis!  

Música do Dia: Palitoterapia (Rhaissa Bittar, Paulinho Boca de Cantor, Paulinho Moska, Paulo Padilha e Paulo Tatit). (De: Daniel Galli).

Bicho do Dia: Cavalo (9344).

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

10º Dia: Eu Fiz uma Viagem



                 Fora atender aos chamados doloridos de vocês, humanos, nos quatro cantos do mundo durante muitos séculos, a viagem mais insólita que fiz e continuo fazendo é escrever nesse blog. Os motivos e assuntos me são dados de bandeja em notícias forjadas, acontecimentos bizarros e outros materiais que pululam diariamente e viram coisas escritas por essa que voz fala. Pois é, é uma viagem. A viagem de hoje diz respeito a um camaleão que chegou a um planeta disfarçado de artista. Resolveu então vestir a camiseta, arregaçar as mangas e fazer com o disfarce fosse sua personalidade de fato. E assim o fez. Virou uma estrela pop de primeira grandeza, sua arte encantou multidões no planeta e nas galáxias próximas. Por vestir muito bem as cores dos tempos em sua arte, em seus figurinos, no seu processo criativo e em tudo mais, ele acabou sendo conhecido no novo planeta como, ironia do destino, o Camaleão. Ninguém suspeitava que ele já era um camaleão muito antes de se mimetizar de artista. Depois de muito tempo, já cansado, um cometa passou o chamando pra outra viagem. O camaleão resolveu fazer com que suas cores fossem as mesmas da cauda do cometa e seguiu com ele pelo Universo afora.

Música do Dia: Rebel Rebel  (David Bowie).

Bicho do Dia: Camaleão (Nesse caso o número pode ser o de qualquer bicho, pois o camaleão pode ser qualquer bicho).

domingo, 10 de janeiro de 2016

9º Dia: Muito Pouco



                  Meu objetivo é ser cada vez melhor no que faço. Tenho escrito diariamente para aprimorar minhas letras, sejam elas poéticas, musicais, piadísticas, bobagentas, de conto, de crônica ou de romance. Embora tenha começado a escrever como um hobby, acabo levando tudo muito a sério. Não brinco em serviço. Sendo eu a DOR, vocês, humanos, sabem muito bem disso. Portanto, concordo com o poeta “muito pra mim é tão pouco”.  Eu quero é mais. Entretanto hoje estou muito pouco inspirada. Tão muito pouco que o texto de hoje poderia ser uma página em branco. Uma página em branco representaria o muito da minha não inspiração. Poderia citar um poeta francês que fez uma página em branco ficar famosa, mas se eu começar com citações poderei facilmente entrar na área do pedantismo e daí não serei pouco pedante, visto que sou muito em tudo. Só que pouco me importa os pedantes. Pedante pra mim não passa de um pedinte de atenção e minha esmola tem farpa porque quem acha que sabe muito, sabe é muito pouco. Ah, quer saber? Tchau!

Música do Dia: Eu fiz uma Viagem (Dorival Caymmi).
Bicho do Dia: Coelho (1940).


sábado, 9 de janeiro de 2016

8º Dia: Hey Amigo


                  As coisas não estavam indo muito bem. Os pais desempregados, a comida na casa acabando e as crianças com fome. A família tinha um porquinho de estimação no quintal. O nome do porquinho era Amigo. Todo dia de manhã alguém da família abria a porta da cozinha e chamava o porquinho “Hey Amigo!” e lá vinha ele todo pulandinho para receber um carinho ou uma comidinha e todos eram felizes. Devido à situação precária, o pai começou a ver no porquinho uma chance de mais uns dias de comida. Quando falou da sua idéia para a mãe ela falou que não, que como ele pensava numa coisa daquelas, as crianças amavam o porquinho, mas depois, chorosa, acabou concordando com o marido. Levou as crianças para passarem o final de semana na casa da vó e o pai ficou em casa para fazer o serviço. Domingo de manhã abriu a porta da cozinha e chamou “hey Amigo!” e lá veio o porquinho todo pulandinho como sempre.  O pai tinha uma machado na mão direita e o escondeu atrás das costas. Quando o porquinho ficou na sua frente esperando um carinho ou uma comidinha, o pai levantou o machado para desferir o golpe fatal. Ao ver aquilo, desolado e prevendo seu fim, o porquinho proferiu a sua frase final com sua inconfundível voz suína:
- QUE IIIIIIIISSO?! QUE IIIIIIIISSO?!
Essa história é baseada numa piada(?) que o Sandro Dornelles adora contar. Não é de toda ruim, mas dentro desse contexto deixa o seguinte ensinamento: “O tapinha nas costas do amigo de hoje, é a machadada nas costas do falso amigo de amanhã”. Bom sábado a todos.

Música do Dia: Muito Pouco (Moska).

Bicho do Dia: Cobra (9135).

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

7° Dia: Eu e Você Sempre



                   O título de hoje me permite ser breve. Ele resume minha história com cada um de vocês, humanos: Eu e vocês SEMPRE. É o resumo perfeito de nossa eterna relação. E pra quem volta e meia finge que me esqueceu e que nunca me amou ou foi meu amigo de fé, ouça a música do dia no link aí embaixo, pois ela exprime exatamente a maneira carinhosa com que me dirijo a vocês a cada novo encontro.

Música do Dia: Hey Amigo (Cachorro Grande) (De: Marcelo Gross / Gabriel Azambuja).
Bicho do Dia: Camelo (6330).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

6º Dia: O Mistério do Fundo do Olho



                  Quem olhava através do olho não enxergava muito bem do outro lado. Um mistério. Mas não conseguir ver é que atiçava mais ainda as tentativas dos olhares. Quem desvendaria o mistério do fundo do olho? A charada não custou a ser desvendada. Era nada mais nada menos do que um olho mágico e só teria uma visão nítida quem olhasse de dentro pra fora, só que o mundo só queria o olhar por fora e o resultado era uma visão desfocada do de dentro.

Música do Dia: Eu e Você Sempre (Jorge Aragão).

Bicho do Dia: Carneiro (0026). 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

5º Dia: Eu Tô Voando



                  O Chão de asfalto da rua já estava meio surdo por conta da idade e não entendeu o arrulho ou a frase proferida por alguém do alto do arranha-céu. Em seguida um corpo caiu. O chão, com as vistas cansadas, não conseguiu discernir se era o corpo de um homem ou de um pombo ou dos dois juntos. O chão já estava com as costas cansadas e torceu para que não fosse mais um homem a se espatifar sobre ele. Ouviu mais uma vez a frase-arrulho e agora conseguiu entendê-la: “Eu tô voando!” Olhou de novo e viuouviu, agora bem mais de perto, um homem criando asas e um pombo falante, ambos dando um rasante rente ao Chão. Nem cagada, nem espatifada. O chão ancião já estava há tanto tempo ali chãoziando que nem tinha se dado conta que os pombos tinham aprendido a falar e que os homens tinham criado asas. Deu de ombros e seguiu sendo o Chão que sempre fora, indiferente a um anjo caído - que ainda não falava a língua dos homens nem dos pombos -, com a cara grudada na vitrine sonhando com o dia em que teria dinheiro suficiente para comprar o Wingsuit e voltar a voar com os homens e os pombos. Uns trocados pra um vôo de Asa-Delta já estaria de bom tamanho, mas o chapéu de esmolas ao rés do Chão era muito raso pra comportar tanta moeda.

Música do Dia: O Mistério do Fundo do Olho (Lula Queiroga) (De: L. Queiroga/Lucky Luciano/Lulu Oliveira).

Bicho do Dia: Cabra (3722).

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

4º Dia: A Cuca Te Pega



                 A Cuca, ser mitológico brasileiro que servia para amedrontar as crianças e que em sua versão para televisão do Sítio do Pica-Pau Amarelo era uma jacaroa (pra quem não conhece, jacaroa é o mesmo que jacaré-fêmea) de peruca loira, resolveu que não mais assustaria ninguém, nem nas histórias, nem nos quadrinhos, nem na TV, nem em lugar nenhum mais. Primeiro quis ser apresentadora de vídeos musicais num canal fechado, mas descobriu que uma bela Cuca já havia passado por lá, além do que, ela ficava tonta com aqueles vídeos e desistiu. Com os poderes que lhe eram concedidos, a Cuca resolveu que ao invés de pegar no pé do Saci – engraçado que essa expressão “pegar no pé”, no caso do Saci, não poderia ser no plural nem que se pudesse usá-la no plural -, ou de alimentar o medo, ela alimentaria as pessoas. Para isso chamou a Tia-Avó de todas as Tias-Avós do mundo, confeiteira das confeiteiras, para ajudá-la na sua jornada de se tornar uma iguaria desejada por todos. Ficaram dias a fio nesse estudo confeiteiro. Que doce a cuca viraria? Vocês devem estar pensando que ela virou a Cuca, aquele bolo alemão achatadinho, coberto com uma farofa feita de manteiga, açúcar, farinha de trigo e canela. Não. Seria óbvio de mais pra ela. Ela acabou sendo um doce cuja fórmula continha a maçã que deram pra Branca de Neve, mais um licorzinho de Boa-Noite-Cinderela, misturado ao confeito de suspiros de Bela Adormecida. Quem comia esse doce apagava e tinha pesadelos horríveis. Quando perguntada sobre ter continuado assustando as pessoas mesmo em forma de doce, a Cuca respondeu: “Eu sou a Cuca e essa é a minha natureza”. Ao proferir esta frase, o escorpião perdeu o emprego e o sapo ferroado coaxou triste sem princesa num canto da estória. Comigo é assim, muita Cuca no lanche.

Música do Dia: Eu Tô Voando (Karnak) (De: André Abujamra).

Bicho do Dia: Cachorro (3717).

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

3º Dia: Será que Eu Vou Virar Bolor?



                 Tem muita coisa que já embolorou, mas que vocês, humanos, não se deram conta. Ou fingem que não se deram. As coisas as quais me refiro não estão em frutas podres, pães velhos ou paredes, estão, principalmente, no mundo das idéias. No ano de 2014 já falei bastante de idéias mofadas como racismo, homofobia e outros tantos tipos de preconceito. Infelizmente ainda tem muito desses bolores por aí. Sei disso porque continuam me dando trabalho. Entretanto, agora quero falar de outros mofos mentais. Por que mais carros e menos transportes coletivos e bicicletas? Por que não separar o lixo? Por que não economizar água e energia elétrica? Por que não tratar as pessoas bem? Por que obrigar as pessoas a ouvirem sua música, quando tem tanto fone de ouvido por aí? Por que acreditar em um só meio de comunicação e propagação de notícia se a internet nos oferece milhares de outras fontes? Por que tanta intolerância? Por que uns tem direitos e outros não? Por que uns tem deveres e outros não? Por que, por que e mais outros porquês?! Por que vocês, humanos, insistem tanto em que eu me torne cada vez mais urgente e necessária e alimentam o meu sadismo? Veja bem, não estou aqui pra dar liçãozinha de moral, muito menos pra botar ninguém de castiguinho, cantinho da disciplina ou alguinho que o valha. Cada um de vocês em algum momento já esqueceu as idéias num canto úmido e escuro e deixou com que criassem bolor. Por outro lado, cada um de vocês também já foi lá e tirou as idéias do mofo e as botou pra tomar um sol, curtir uma praia ou dar um passeio. Então é isso, refresque sempre as idéias, desembolore-as, desmofe-as. E se você está se perguntando: será que eu vou virar bolor? Eu respondo: vai, infelizmente. Mas quando isso acontecer você nem vai saber ou sentir, pois seu corpo não lhe pertencerá mais. A pergunta a se fazer é: que idéia minha (sua) já virou bolor?

Música do Dia: A Cuca Te Pega (Cássia Eller) (De: Dori Caymmi).

Bicho do Dia: Burro (4911).

domingo, 3 de janeiro de 2016

2º Dia: O Portão

                 Enchi o saco de ver o Sandro chorando enquanto assistia The Voice Kids. Melhor nem falar sobre isso – e quando digo “isso” falo do The Voice, até porque o Sandro dificilmente me surpreenderá -, pois esses programas... bom, deixa pra lá. Apesar de tudo, esse programa acabou me inspirando e me trazendo a mente uma história antiga. Reza lenda que havia um Portão Mágico que dava acesso a um majestoso jardim. As crianças que passavam por ele e adentravam ao jardim adquiriam o poder de cantar e encantar quem os ouvisse. O dono do Portão arrebanhava essas crianças e as botava para cantar nas praças. Conforme iam envelhecendo as crianças atravessam outro Portão dentro do Jardim, entravam em outro jardim e rejuvenesciam. O problema era que quando rejuvenesciam as crianças desaprendiam a cantar e tinham que passar de novo pelo primeiro Portão para voltarem a ter voz de ouro e assim poderiam voltar a cantar nas praças para arrecadarem mais esmolas para o dono do Portão. Esse vai e vem onde as crianças entravam pra cantar, saiam pra rejuvenescer e voltavam para reaprender a cantar, começou a superlotar de artistas mirins escravos o casting do dono do Portão. Claro, todos queriam cantar, rejuvenescer e espantar os males. Só que assim, com todas as crianças cantando, seus dotes vocais perderiam a graça e ninguém mais pagaria para ouvi-las. O dono do Portão precisava dar um jeito naquilo. Inventou outro Portão onde a criança que passasse não teria mais uma voz mágica e envelheceria normalmente. O dono do Portão, com a ajuda de alguns jurados que contratou, decidia quem seria eternamente criança cantora e quem seria normal. Depois de muitos anos as crianças eternamente talentosas começaram a apresentar rugas na voz e tempos depois todas elas estavam com suas vozes maquiadas e cheias de plástica. Viraram crianças com vozes velhas que nenhum Portão Mágico conseguia botar nos eixos. Depois as vozes caducaram e por fim morreram. Quando a última criança emudeceu nasceu uma criança normal e seu primeiro choro, melódico e harmonioso, encantou a todos.

Música do Dia: Será que Eu Vou Virar Bolor? (Arnaldo Batista).

Bicho do Dia: Águia (5607).

sábado, 2 de janeiro de 2016

1° Dia: O Eterno Retorno

                   Nossa, nem sei como demonstrar a tamanha alegria que sinto ao voltar a publicar meus textos diários neste blog. Para o deleite de vocês, humanos, eu voltei. No ano de 2014 foram 365 dias ininterruptos de elucubrações a respeito dos mais variados assuntos, dissecando o mundo e analisando os feitos heroicos e estrambólicos da alma humana. Em 2015 voltei aos meus deveres habituais, deixei a pena de lado e mandei ver. O Sandro Dornelles (rapaz que me auxiliava e vai continuar me auxiliando nas produções blogueanas), por exemplo, recebeu várias visitas minhas por meio de tendinites, estiramentos, asias e outros tantos acontecimentos aos quais não pude me furtar de atender aos chamados. Escrevendo aqui, provavelmente darei um folga para o pobre. Ou não. Enfim, o importante é que voltei e estou cheia de energia para cumprir com meus 365 dias de escritos mais uma vez. Quando dos rumores da minha volta, eu bem ouvi risinhos irônicos e outros comentários maldosos de que não seria capaz de repetir o feito. O Prazer, a Preguiça e outros dessa laia que me aguardem! Cá estou eu e com a corda toda! Ontem mesmo já começou o tititi. A fofoca maior era “ela disse que vai voltar e já falhou no primeiro dia”. Seus trouxas, o meu blog tem 365 dias e para quem não sabe esse ano será bissexto. Portanto, ontem foi o dia 0 (zero) e hoje é o dia 1. Pra quem não sabe o que é bissexto, procure saber. Pra quem não sabe quem sou eu: muito prazer, eu sou a DOR.

Música do Dia: O Portão (Roberto Carlos / Erasmo Carlos).

Bicho do Dia: Avestruz – 0001.