Novas Histórias

Novas Histórias
Foto de Ju Vinagre

terça-feira, 30 de setembro de 2014

273º Dia: Só Via Faca Voar


                 Numa cozinha do futuro, onde a gravidade era uma lei que nenhum dos utensílios respeitava, em dias de tempestade as panelas ficavam com medo dos raios e flutuavam até o canto do teto, os copos saiam para rua para se encherem de água com pena de um Estado do Sudeste, cadeiras e mesas caprichavam no som, os garfos e as colheres dançavam a dois palmos do chão para ciúme dos pratos que tiravam satisfação dos talheres. Daí pra frente só se via faca voar e os legumes, que temiam sua integridade física, já tinham voado pra fora da cozinha há muito tempo, pois nesses bailões sempre fechava o tempo.

Música do Dia: Em Pé no Porto (Kristoff Silva).

Bicho do Dia: Vaca (9899).

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

272º Dia: Acenda o Farol


                    Era essa a frase que mentalmente o comandante do navio falava para o desgraçado que estava no comando das luzes do Farol. A coisa tava feio e o navio certamente repetiria a história do Titanic, com a diferença de ser afundado por pedras e não por iceberg. Escuridão total e nada do Farol iluminar a noite trévica. Sem um pouco de luz o choque era certo. O navio apitava aos berros. O comandante mentalmente era um pensamento só: “acenda a porra deste farol!”. Dentro da torre do Farol o velho senhor que o cuidava solitário na ilha a muito tempo, rezava para que algum navio chegasse e que desembarcasse alguém para salvá-lo de uma espécie de ataque cardíaco que teve momentos antes de acender a luz do Farol que havia apagado do nada. Nem o velho senhor nem o comandante sabiam que não haveria mais luz no fim do túnel, muito menos no Farol. Mas ambos ainda acreditavam na salvação e morreram um pouquinho antes de suas respectivas esperanças.

Música do Dia: Só Via Faca Voar (Bezerra da Silva).

Bicho do Dia: Coelho (9740).

domingo, 28 de setembro de 2014

271º Dia: Medo de Amar nº 2


                 Soube que estão tendo especulações sobre a publicação de um livro com os escritos deste meu blog. Muito me envaidece. Fiquei tão atribulada com a chuva de propostas que acabei atrasando o texto de hoje. Para minha sorte, ando com tendências a escrever  texto-verso, tipo o de ontem. Então La vai:
Se depois do gosto do Amor venho eu, depois do medo de amar nº 2 vem o medo de amar nº 3 ou a coragem para provar uma nova nuance do gosto do Amor. Depois desta coragem, provavelmente venha eu de novo e assim sucessivamente. Eis aí a prova de que a Matemática pode não ser exata em alguns casos, mas a probabilidade com certeza o é.

Música do Dia: Acenda o Farol (Tim Maia).

Bicho do Dia: Veado (5393).

sábado, 27 de setembro de 2014

270º Dia: O Gosto do Amor


Depois do gosto do amor, venho eu.

Música do Dia: Medo de Amar Nº 2 (Sueli Costa) (De: Sueli Costa / Tite de Lemos).
Bicho do Dia: Águia (4506).

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

269º Dia: Qualé Mago


                O Mago estava cansado. Que fossem procurar outro pra dar conselhos. Quanto mais ele se escondia mais era procurado. Começou a ficar com fama de ranzinza, mal educado e tudo mais. Ele só queria ficar só. Aos poucos seus seguidores foram desistindo dele. Já falavam de um outro que tinha uma fala mansa e um vestimenta esquisita. O Mago finalmente teve sua tão sonhada paz. O mais novo mago da moda era requisitadíssimo. Celebridades e famosos o procuravam aos montes. Até que o novo mago também começou a se cansar daquela papagaiada toda. Acabou virando um ermitão também. E assim foi acontecendo sucessivamente: magos apareciam, ficavam famosos e depois sumiam. Até que um mago resolveu cortar caminho e sumiu antes mesmo de aparecer. Pronto! Na opinião de todos isso fazia dele o verdadeiro Mago. Porra, ele já estava cansado antes mesmo de ser mago, como seria ele o Grande Mago? Não importava, o destino dos magos era uma maldição: você seria um Mago famoso mesmo antes de saber que era de fato um Mago e depois cairia no esquecimento.

Música do Dia: O Gosto do Amor (Gal Costa e Gonzaguinha) (De: Gonzaguinha). Ela aniversariou hoje, ele dia 22. Uma homenagem ao colaborador do dia, o compositor, violonista, cantor e fã do Gonzaguinha, André Fernandes.
Bicho do Dia: Elefante (7547).

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

268º Dia: Leão Ferido

                  O leão em questão jamais viria a ser rei, muito menos astro de Hollywood, embora acreditasse nisso até o último instante de sua curta vida. Depois de ter uma das pernas pisoteadas por um furioso búfalo gigante, o filhote não duraria muito, mas seguiu se arrastando enquanto via sua mãe tendo que abandoná-lo para que seus irmãos não tivessem o mesmo fim. O leãozinho ferido e indefeso acabou sendo devorado. O homem que filmava tudo isso não podia interferir no ciclo natural da vida, e mandaria o vídeo para que fosse mostrado num programa de canal fechado. Anos mais tarde o homem que filmou a história do leão ferido foi pisoteado e morto pela pata de uma grande cidade. Deus filmou tudo, mas não podia interferir no ciclo natural da vida. O escritor, achando que o personagem deus e o personagem homem eram muito parecidos em sua função na história, resolveu deixá-los de fora. Começou a reescrever seu livro. Desviou a pisada do búfalo um pouco pro lado e deixou o leãozinho seguir com sua mãe e irmãos, continuou achando que ele não seria nem rei, nem astro de Hollywood, e que se tivesse que morrer que fosse num futuro além do livro ou no mundo dos deuses e dos homens.

Música do Dia: Qualé Mago (Junio Barreto).
Bicho do Dia: Leão (8563).

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

267º Dia: Dança do Põe Põe


                 Num região setentrional de um deserto africano havia uma espécie de galinhas -hoje infelizmente extintas -, que tinha uma maneira bem exótica de botar ovo. Momentos antes de parirem, elas faziam movimentos frenéticos que mexiam com o corpo todo e balançavam suas coloridas penas. Esse ato pré parto ficou conhecido como Dança do Põe Põe. Galinhas que não executavam tal dança davam a luz a ovos cujos pintinhos tinham maior probabilidade de nascerem debilitados de saúde. Os rebentos cujas mães faziam a exuberante dança eram sempre saudáveis. Uns até tinham a incomum habilidade para galinhas, de voar, uns pintinhos eram exímios sapateadores e os galos tinham uma potencia de canto invejável. Não se entendia até pouco tempo porque as galinhas simplesmente pararam de dançar, o que com passar dos tempos resultou na extinção da espécie, pois foram nascendo cada vez mais filhotes doentes. Soube-se então que perto do deserto onde existia essa espécie de galinha existia um Vulcão chamado Axexé que estava sempre em atividade e que as vibrações dele refletiam no chão e eram sentidas pelas galinhas cuja sensibilidade ficava a flor da pele momentos antes de darem a luz e então dançavam freneticamente e tal movimento liquidificava o ovo de tal forma que beneficiava a formação do pintinho. A extinção do Vulcão Axexé causou a extinção das Galinhas Põe Põe.

Música do Dia: Leão Ferido (Biafra).

Bicho do Dia: Pavão (4974).

terça-feira, 23 de setembro de 2014

266º Dia: Loucura


                  Pesquisando sobre o tema Loucura vi que ela é tema recorrente e que tem a simpatia de muitos, embora muitos tenham medo dela. Independente de opiniões, manicômios, letras de músicas, textos literários ou jornalísticos, estudos aprofundados, histórias, elogios e tudo mais, a Loucura está aí, diariamente desfilando pelas ruas, metrôs, ônibus, carros, bicicletas, outdoors, rádios, TVs, tetra pack, sacolas, roupas, alimentos, hospitais, presídios, reuniões de condomínio, propagandas eleitorais, jornais, escolas e tudo mais. Tudo mais mesmo. A avaliação aqui é quantitativa, não qualitativa. Cabe a vocês, humanos, uma avaliação do que seja uma loucura boa ou má. Restrinjo-me apenas a mostrar que a Loucura, assim como eu, move o mundo. Meu salve para os psiquiatras e psicólogos amigos da loucura, para os Roterdãs, Foulcauts, Machados, Pessoas e todos os loucos deste esférico planeta achatado nos polos. Termino então meu elogio com a magnânima frase do poeta de Santo Amaro: “Que loucura, cara!”.

Música do Dia: Dança do Põe Põe (É o Tchan) (De: Beto Jamaica e Compadre Washington).

Bicho do Dia: Jacaré (2459).

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

265º Dia: Kukukaya (Jogo da Asa da Bruxa)


                 Kukukaya saiu correndo pelo barro batido da terra do seu chão. A Bruxa da Vassoura com Asas havia invadido sua humilde casa. Ele foi chamar socorro. Mestre Guigre era o único nos seus 123 anos de idade que sabia jogar o jogo da Bruxa. Kukukaya trouxe o Mestre em sua cacunda para que enfrentasse a bruxa e ao mesmo tempo lhe ensinasse o que deve aprender um ser florestídeo como Kuku. Guigre cantificou uns floreados assovios e a Bruxa saiu da casa. Se encararam. As asas da vassoura da Bruxa eram feitas de muitas bruxas inseto. O cajado de Guigre era um trançado mágico me cipós capilares. Kukukaya teve medo das bruxas da Bruxa. Um acorde misterioso soou de uma nuvem jumbo. Raios múltiplos saíram dos olhos das bruxas da Bruxa, mas pouco antes de atingirem o Mestre, seu cajado clarificou um escudo amarelo têmpera. Para desferir seu contra-ataque, Guigre entrou no corpo de Kukukaya e agora eram um só, velho-velho e ser florídeo. Kuku começou a projetar em uma língua antiga uma reza feita de palavras mais bonitas. Dispersaram as bruxas da Bruxa. A Bruxa apelou para as baratas naco de noite que estavam espalhadas pelo chão, mas não adiantava mais. A Bruxa foi embora e Kukukaya convidou o Mestre para um chá de vida volta. Após tomarem o chá começaram a viver a história que haviam passado num rebobino de acontecimento diferente. Kukukaya saiu correndo pelo barro batido da terra do seu chão. O Mestre era agora a Bruxa.

Música do Dia: Loucura (Lupicínio Rodrigues).

Bicho do Dia: Peru (1077).

domingo, 21 de setembro de 2014

264º Dia: A Flor e o Espinho


                 Antes de arquitetar a flor, o criador testou vários mecanismos de defesa para ela. Primeiro pendurou em seu caule bolhas cheias de um líquido fedorento. Só que quando estouravam essas bolhas o invasor ia embora, fugindo do insuportável fedor, mas a pobre flor ficava empesteada com aquele cheiro pra sempre, perdendo todo seu perfume. Entre as tantas tentativas, o criador teve a ideia de pendurar sininhos no caule da flor para que quando fosse atacada os tais sininhos alertassem os cães de guarda da flor. Acontece que os cães estabanados expulsavam o inimigo, mas pisoteavam toda a pobrezinha. Outra tentativa foi eletrocutar o caule, mas as descargas elétricas só faziam cócegas nos seres maiores e torravam os insetos polinizadores. Os espinhos só passaram a existir para a flor porque numa época passada o romantismo estava em alta e muitos amantes sem dinheiro passaram a roubar as flores do jardim do criador para presentearem suas amadas. Era tudo muito lindo, mas também muito fácil. Se o amante precisava ser carinhoso para tocar a sua amada, ele precisaria também ser carinhoso para arrancar a rosa, ou sairia com as mãos cortadas. A ideia da aerodinâmica afiada do espinho veio de um dia num futuro muito depois da flor em que o criador arranhou a perna na quilha de uma prancha de surf que estava fincada na areia da praia.

Música do Dia: Kukukaya (Jogo da Asa da Bruxa) (Xangai).

Bicho do Dia: Macaco (0465).
Filme da Semana: Precisamos Falar Sobre Kevin (Lynne Ramsay).

sábado, 20 de setembro de 2014

263º Dia: But Not For Me (Mas Não pra Mim)


               Eu acho que os menores devem sim ser presos. Eu acho que os gays não devem poder se casar. Eu acho que os jornalistas tem todo o direito de defender fações racistas de torcidas e chamar os habitantes do país que lutam pelos seus direitos de bunda moles. Eu acho que mulheres não devem governar o país. Eu acho que a polícia tem que matar bandido mesmo. Eu acho que jesus deve entrar a força na alma das pessoas. Eu acho que os animais que não servem ao homem não servem pra nada. Eu acho que as ruas devem ser aumentadas para que os carros proliferem mais. Eu acho que a culpa da fome no mundo é dos gordos que comem toda a comida dos famintos. Eu acho que tá impossível viver nesse mundo e que a guerra atual é necessária, mas não pra mim.
Amanhã volto a falar da vida real, chega de literatura.

Música do Dia: A Flor e o Espinho (Nelson Cavaquinho) (N. Cavaquinho/Guilherme de Brito).

Bicho do Dia: Homem (Aqueles das opiniões pungentes).

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

262º Valsa e Vapor


                  Sinceramente, não vou me alongar em meus escritos. Os fatos que venho acompanhando deixam estupefata até a mim, que vivo disso. Que medo-ódio é esse de vocês, humanos, em entender que todos os primatas que tem polegar opositor são iguais e devem ter os mesmo direitos e deveres independente de cor, credo, preferência sexual e tudo o mais? Querem que eu desenhe? Hoje estou muito aborrecida para falar mais sobre isso. Cansa. Mas me aguardem. E a Valsa e o Vapor? A valsa virou Samba-Canção e o Vapor deixou o movimento e está numa casa de Reabilitação.

Música: But Not For Me (Chet Baker). (De: George Gershwin).
Bicho do Dia: Cobra (2136).

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

261º Dia: Dezessete e Setecentos


                  17 era primo de 700. Casaram. Ocorreu então a temida confusão cromossômica. Só que a deficiência do filho foi apenas um sentimentalismo exacerbado. Tudo para ele era dramático. Desde o nascimento de XYZ.07 isso já ficou claro: chorou copiosamente por ininterruptos 27 dias. Os pais tentaram amenizar a síndrome dramática da criança durante toda sua infância. Foi em vão. Por sorte, já na idade adulta, XYZ.07 mostrou uma bondade tão enorme quanto sua dramaticidade. Entretanto, o mundo não correspondeu a sua fragilidade. Depois de anos lutando contra o vício e a depressão, XYZ.07 foi encontrado morto dentro de  um ábaco para indigentes. Anos depois foi canonizado por sua bondade e compaixão. 17 e 700 se separam depois de enriquecerem difundindo as memórias e ensinamentos do seu filho pródigo. Como diz o ditado, no final tudo dá certo.

Música do Dia: Valsa e Vapor (Phill Veras).

Bicho do Dia: 17 (700).

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

260º Dia: Onde Mora o Segredo


                 As Especulações, fofoqueiras de plantão, diziam saber do endereço do Sr. Segredo. Pura mentira. Ninguém sabia. Os únicos sabedores eram o Oquecontou e o Boca de Siri. Ambos foram capturados e sob sessões de tortura haveriam de falar, pois Darcomalinguanosdentes era bom de fazer os canários cantarem. Não teve jeito, não abriram o bico, seguiam os auspícios da Dona Promessa. Ficaram por anos e anos numa masmorra, a pão e água, depois só a pão, depois só a água e, por fim, morreram. Não sem antes sussurrarem entre si e serem ouvidos pelo carrasco Cochicho, esposo da periguete RevistadeFofoca que espalhou um boato sobre o misterioso endereço. Nãoqueronemsaber deu de ombros. Ninguém até hoje sabe o verdadeiro endereço do Sr. Segredo, entretanto, sabe-se de fonte aquosamente segura que ele não fica por muito tempo no mesmo lugar, muito menos na mesma Boca.

Música do Dia: Dezessete e Setecentos (Luiz Gonzaga).

Bicho do Dia: Touro (3684).

terça-feira, 16 de setembro de 2014

259º Dia: Acabou Meu Sossego

                Meu sossego sempre acaba porque escrever é sair do sossego. Embora eu quisesse poder sossegar nesse momento, meu dever comigo mesmo de escrever diariamente me chama. Escrever é mais forte que eu. Adio o sossego, mas não as palavras. Sou eu, a DOR, uma caça palavras. Qualquer coisa em mim é motivo para uma palavrinha. Enquanto vou escrevendo o texto vai tomando forma. Só que sei bem que forma não é necessariamente conteúdo, mas uso palavras fáceis como isca para capturar as palavras mais difíceis. Palavra chama palavra. Palavra tem muitos sentidos. E qual sentido de tudo isso mesmo? Fazer o texto do dia! Tá feito. Não com a qualidade que eu queria. Queria mais humor, mais dentes escancarados nas minhas palavras. Mas só capturei palavras frias e calculistas. As palavras ou a falta delas tiram meu sossego. Sigo então talhando palavras brutas para que, quem sabe amanhã, sejam mais afiadas e acertem o alvo que são as palavras sonhadas. Rego as palavras sementes de hoje para que um dia floresçam.

Música do Dia: Onde Mora o Segredo (Arícia Mess) (De: Arícia Mess / Suely Mesquita).
Bicho do Dia: Jacaré (3558).

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

258º Dia: Empoeirado


                 Vou dar mais um boizinho pro Sandro Dornelles e fazer do texto do dia de hoje a letra da música dele que indiquei ontem. O tempo que passa, o empoeirado das coisas... Prometo que não falo mais desse rapaz por um bom tempo.

Empoeirado

A flor caída
Escondida na semente
O olho d água
Vendo o mundo pelo rio
Passou depressa
O tempo é o bote da serpente
Calor de gente
Derreteu tremor de frio

A despedida
Camuflada no encontro
Boca da noite
Soletrando o amanhã
Veio ligeiro
O tempo é o raio natimorto
Um olho gordo
Ou uma estrela guardiã

Quem não voltou
Deu motivo pra lembrar
Empoeirou
Tempo passa sem passar


Buquê de vinho
Reservado na videira
O pé de vento
Tropeçando por aí
Num breve tempo
O tempo é só o tempo inteiro
Um companheiro
Sem ninguém com quem sair

O beijo doce
No amargo da saliva
Dedo de moça
Apontando uma saída
Novo ambiente
O tempo é um golpe de vista
Piscar de olhos
Roda o filme de uma vida.

Quem não voltou
Deu motivo pra lembrar
Empoeirou
Tempo passa sem passar

Música do Dia: Acabou Meu Sossego (Nelson Sargento) (De: N. Sargento / Agenor de Oliveira).

Bicho do Dia: Galo (6150).

domingo, 14 de setembro de 2014

257º Dia: Garrafa de Náufrago


                 Hoje vou abrir espaço para a criatura que está sendo meu “cavalo” e possibilitando que eu me comunique com vocês através desse blog. Pois é, o Sandro Dornelles (o cara tem DOR no SanDRO e no DORnelles) está fazendo 40 anos nessa data nem tão querida pra ele. Não era tão querida, agora ele já tá aceitando e viu que não dói. O rapaz esteve cheio dos infernos astrais, meditabundo, querendo fugir da responsa dos quarentinha. Não adianta! Não adianta! O tempo é que nem eu, ninguém escapa dele. Passados os primeiros medos, tudo certo. O Sandro virou o aniversário dele tocando com seu Terno de Grupo, bebeu algumas e passa bem. Parece que essa noite sonhou que achava uma garrafa de algum náufrago, destas que tem um bilhete dentro e que ficam vagando pelo mar por um bom tempo até ser encontrada por alguém na beira da praia. Sempre tive curiosidade de ver o que tem nestas cartas flutuantes. Bom, no sonho do Sandro ele viu. Não sei o que estava escrito, mas pude ver que o Sandro sorria dormindo e acordou em paz com o mundo, apesar da leve ressaquinha. Gozado esse DORnelles, acredita em sonhos mais que na vida real. Enfim, hoje não vou zoar esse ser aniversariante. Se bem que o cara comeu tapioca recheada de brigadeiro com duas bolas de sorvete de coco com abobora e cobertura de morango por cima! Um paladar docemente estrambólico. Bom, chega de papo furado. Parabéns, Sandro. E já que a conversa é de garrafa perdida, sonho, vida e a impiedade e a sapiência do tempo, deixo vocês com uma música deste mais novo quarentênico.

Música do Dia: Empoeirado (Ritinha Carvalho e Marcelo Barum). (De: Thiago Augusto & Sandro Dornelles). (Gravação linda dessa dupla! Obrigado!).

Bicho do Dia: Cavalo (9443).
Filme da Semana: Encontros e Desencontros (Direção: Sofia Coppola).

sábado, 13 de setembro de 2014

256º Dia: Nessa Cidade

                 Nessa cidade odiamos viados. Odiamos negros, amarelos e pardos. Nessa cidade odiamos ciclovias. Nessa cidade odiamos favelas e achamos que deveriam ser cercadas. Nessa cidade odiamos artistas de rua. Queremos ver bem longe os mendigos e trombadinhas que espantam a freguesia de nosso comércio. Nessa cidade vamos entrar em guerra contra a religião que não reze a nossa bíblia. Vamos decretar a caça às bruxas. Vamos queimar livros e deixar artistas morrerem a míngua. Nessa cidade pagamos caro, muito caro, para ostentarmos em camarotes vips, mas achamos um absurdo pagar para ir ao cinema, teatros ou para ver-ouvir esses compositorezinhos de músicas falidas. Nessa cidade todo mundo não é de Oxum, homem tem que ser homem, menino, menino e menina, mulher. Nessa cidade enchemos os altares de oferendas para os Deuses do trabalho escravo, da exploração e da prostituição infantil. Nessa cidade estamos armados até os dentes para disseminar abaixo de porrada a nossa cartilha. Somos os gladiadores do futuro: saímos da arena e nos enfrentamos nas arquibancadas. Essa cidade que fica no meu coração e que habito com orgulho se chama Ódio. Em qual cidade você mora mesmo?
Meu muito obrigado a vocês, humanos, por deixarem minha mesa sempre tão farta.  

Música do Dia: Garrafa de Náufrago (Madan). (De: Madan / Nelson Capucho). (Uma homenagem ao grande artista falecido hoje, MADAN. Compositor e exímio musicador de poemas).

Bicho do Dia: Qualquer um dos números de visualizações que estiver em qualquer uma das músicas do Madan no youtube.

E outras tantas que lá estão.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

255º Dia: Papoulas


                  As Papoulas já haviam virado ópio há muito tempo. Já tinham sido fumadas e mascadas também. Um dos homens que fumou uma dessas papoulas sentiu que de repente que uma semente de papoula começou a germinar no seu cérebro. Todo santo dia em que ia na casa do ópio ele regava a semente na sua cabeça. Depois de tempos, a flor já estava vistosa. Todo dia, na Casa do Ópio, o homem admirava a beleza da papoula e a paz profunda que ela transmitia. Mas depois de um tempo aquela beleza já não era suficiente e a loucura do mundo lá fora exigia uma paz mais profunda ainda para o seu cérebro. Foi então que o homem arrancou a papoula com raiz e tudo. Assim que, a cada visita a Casa do Ópio, ele foi transformando a papoula e o seu cérebro em ópio. Quando finalizou a tarefa ele respirou fundo e tragou levemente a paz que tanto sonhava. Tempos mais tarde o homem se deu conta que uma semente de cérebro começou a germinar em sua cabeça. Mal sabia o homem que sua paz estava com os dias contados.

Música do Dia: Nessa Cidade (Vanguart). (De: Hélio Flanders).

Bicho do Dia: Burro (5811).

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

254º Dia: Pau de Atiradeira


                  O pássaro desviou das pedras como se fosse um herói do Matrix desviando cameralentamente das balas. Vários meninos com seus paus de atiradeira atiravam no pássaro, não para acertá-lo, mas sim para vê-lo desviar das pedras. As pedras das atiradeiras eram certeiras, jamais atingiriam o alvo e compunham a plasticidade da cena do pássaro se esquivando delas.  No mundo real as mães chamavam os meninos para tomar banho, escovar os dentes e fazer o dever de casa. No mundo real das mães, que fique bem claro.

Música do Dia: Papoulas (Nilson Chaves).

Bicho do Dia: Pássaro-Neo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

253º Dia: Flor do Lácio


                  O Dialeto Mais Caipira se perfumou todo, pegou a flor mais vistosa do Jardim e foi ao encontro da jovem e bela Língua Portuguesa. Ambos estavam nervosos. Trocaram olhares, pegaram na mão um do outro, tudo muito timidamente. Eram espiados pelo Neologismo, um anjo vadio. Latim, outro anjinho, também observava tudo. Quando as línguas do Dialeto Mais Caipira e da Língua Portuguesa se tocaram pela primeira vez, Neologismo e Latim se olharam com sensação do dever cumprido e, sutilmente, roubaram a flor mais vistosa do Jardim para eles.

Música do Dia: Pau de Atiradeira (Pereira da Viola) (De: Papalo Monteiro)

Bicho do Dia: Borboleta (4016).

terça-feira, 9 de setembro de 2014

252º Dia: Lua Branca


                 
                  Em lugares polares o branco não é uma cor só, ele é várias cores. Várias tonalidades de branco. Cada uma tem um significado. O branco da lua branca nessas localidades significa, entre muitos outros significados que carrega, que a lua é branca de um branco mais branco, pois está cercada do negro da noite e não de outros brancos como os brancos, para eles, normalmente estão. Sei disso porque em noites como essas, quando apareço por lá para visitar os desamores dos habitantes que olham pra lua, sou eu também mais branca do que normalmente sou quando me proponho a ser branca e não outra cor qualquer.Outra curiosidade desses alvos lugares é que expressões como "deu branco", por exemplo, longe de significar esquecimento, é motivo para que venham a tona infinitas lembranças.

Piadinha Infame do Dia: O dia em que descobrirem o protetor solar que a Lua usa, acabarão os problemas de câncer de pele, pois ela é a única coisa que toma Sol e continua branca. (Aqui era pra ter aquela carinha com a língua pra fora).

Música do Dia: Flor do Lácio (Fernando Cavalieri). (De: F. Cavalieri / Zé Edu Camargo).

Bicho do Dia: Elefante (1445).

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

251º Dia: Rio-Coração


             O rio tinha como destino o coração. Desde a nascente foi sabedor disso. O coração tinha como destino o rio. Desde o primeiro batimento uterino foi sabedor disso. O rio acelerou e retardou seu curso no decorrer dos tempos. O coração acelerou e retardou seus batimentos no decorrer dos tempos. Um sonhava com o outro nas noites de luas plácidas. O amor doce do coração. As águas doces do rio. Quando ambos se depararam com o mar entenderam o sentido de suas existências. Hoje o rio bate incessantemente no mar e o coração corre incessantemente pra lá também.

Música do Dia: Lua Branca (Cris d’Avila) (De: Chiquinha Gonzaga) (Uma homenagem a colaboradora do Dia, essa Lua linda que tá no céu hoje!).

Bicho do Dia: Carneiro (0728).

domingo, 7 de setembro de 2014

250º Dia: Pergunta Sem Fim


                    Depois que o Ponto Final, o Ponto de Exclamação, os Dois Pontos, o Ponto e Vírgula e a Vírgula foram extintos, pouco se pode fazer, a não ser povoar o mundo com Pontos de Interrogação. Todos os diálogos eram perguntas sem fim, cujas respostas iam se acumulando no Cemitério das Certezas. Tentaram fantasiar o ponto de Interrogação de reticências, mas o que se conseguiu foi uma pergunta ao cubo. Havia um boato de que ainda existia uma última espécie de reticências, mas logo se descobriu que ela nada mais era do que um ponto final de três cabeças e que já não era nem ponto final nem reticências e sim o cão de guarda tricéfalo que protegia o Castelo da Dúvida. O reinado dos Pontos de Interrogação perdurou por séculos nas terras altas e nas terras baixas. Até que um dia tramaram contra os Pontos de Interrogação inventando um novo sinal de pontuação e os dizimaram. Sobrou um só.  Este último Ponto de Interrogação, pouco antes de ser encontrado pelo Novo Sinal de Pontuação, ficou de ponta cabeça e sumiu na multidão disfarçado de Jota. Ele sonha retomar o poder para que tudo volte a ser como antes.

Música do Dia: Rio-coração (Thamires Tannous). (De: Peter Mesquita / Thamires Tannous / Edson Penha). (Esta canção faz parte do recém-lançado CD de Thamires Tannous intitulado “Canto para Aldebarã”).

Bicho do Dia: Tigre (2487).
Filme da Semana: Ela (Direção: Spike Jonze).

sábado, 6 de setembro de 2014

249º Dia: Contatos Imediatos de Terceiro Mundo


               Tenho a sorte de ter amigos inteligentes, que mudam o mundo e o influenciam como eu. Amigos para os quais abro os portais do meu blog e deixo que discorram sobre temas dos mais diversos. CULPA, minha amiga e correspondente mensal, nos dê o privilégio dos seus dizeres:

“Especialistas em ciento-neuro-psicologia-astrológica do Centro Zora Yonara de Pesquisas Reacionárias Paulistanas revelaram que o cérebro de Marina Silva não possui hemisférios.
Marina, uma das principais pessoas físicas agraciadas com a morte de Eduardo Campos, porta essa estranha patologia que nunca antes havia sido detectada. Segundo os especialistas é primeira vez que um caso como esse é documentado, a anomalia não simples de ser explicada, mesmo para Luiz Pondé, filósofo, jovem pré-sexagenário e arauto do modelo civilizatório elítico-paulistano. Para pensador de mentalidade pitbull, para descrever o cérebro de Marina “é necessário que se faça uso de uma metáfora filosófica, obviamente que francesa, pois não se trata apenas que o miolo cerebral de Marina não tenha uma divisória visível entre os pólos direito e esquerdo”. Pondé, que tem colaborado com as pesquisas zorayonaranas, descreve a massa encefálica da presidenciável tal como o universo de Blaise Pascal, “uma esfera infinita, cujo centro está em toda parte e circunferência em lugar nenhum”.        
Os pesquisadores explicam que é por isso que Marina não se posiciona, pois sua mente não reconhece polaridades convencionais. “É como se o cérebro dela, ao não estar em nenhuma posição pudesse ocupar qualquer posição – Marina é o que Borges nunca sonhou. É o Kafka desejaria conceber sem jamais haver conhecido. Por isso ela pode ser ecologista sem deixar de ser agronegócio; pode ser nova era, sem deixar de ser evangélica; ser simpática a causa LGBT e homofóbica, tudo num só tempo ”, afirmou Demétrio Magnoli, outro respeitável comentarista do Jornal da Cultura e sociólogo Uspiano – Magnoli também fez questão de ressaltar sua posição terminantemente contra as cotas raciais nas universidades (sua não de Marina, a qual é contra e a favor), pois acha que não possui dívida histórica com nenhum negro, muito menos com índio.
Walter Mercado, ex-guro de TV Shop, hoje um dos principais mentores da high society evangélico-quatrocentona, afirma que patologia apesar de recentemente documentada, não é nada rara. Questionado se existe cura para o mal, Mercado afirmou que a única cura deve ser contra o preconceito contra essas criaturas especiais. O místico lembra que grandes ícones da cultura brasileira portaram e portam o mesmo mal de Marina: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gerald Thomas, Pedro Bial, “seria uma longa lista. O que descobrimos em Marina Silva, é aquilo que a cultura popular acostumou-se a chamar miolo mole” afirmou que com seu conhecido sotaque “la garantia soi yo”.
Em entrevista exclusiva para uma afiliada da Rede Globo, ao ser informada desse novo aspecto de sua genialidade, Marina fechou os olhos e entrou em contato imediatos do terceiro mundo com entidades de todas as religiões (menos as de origem africana), com entidades empresariais e sindicais, e afirmou que recebera uma missão: “meu governo fechará a Casa da Moeda extinguirá o dinheiro. A economia se alicerçará em sementes amazônicas de Guariubá, Castanha de Macaco, Cupiúba... pois para que gastarmos milhões emitindo papel moeda se temos essa fonte inesgotável em nosso quintal”.”  CULPA.

É, minha cara CULPA, soube que Chico Mendes teve a chance de reencarnar como filho da citada senhora, mas preferiu passar a vez a ter que falar “não é a mamãe, não é a mamãe...”.

Música do Dia: Pergunta Sem Fim (Carmen Souza).

Bicho do Dia: Cabra (2524).

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

248º Dia: Hoje


                  Hoje é sempre a hora certa.

Música do Dia: Contatos Imediatos de Terceiro Mundo (Tambo do Bando). (O Tambo do Bando era composto por Vinícius Brum, Beto Bollo, Marcelo Lehman, Kiko Freitas, Texo Cabral, Carlos Leandro Cachoeira e Sérgio "Jacaré" Metz (in memorian).
http://www.youtube.com/watch?v=ZZi3BNh4Ep0
Pra quem quiser o disco todo, que vale muito a pena: http://www.youtube.com/watch?v=-uavICCafK8
Bicho do Dia: ET (Das Bicicletas Voadoras).

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

247º Dia: Para Vivir (Para Viver)


Par
        a
             vi
Ver
       par
                a viver
Para,
         Vive
                  rrrrrrrrrr...
Para viver basta estar viva pra morrer de amor.

Hoje estou tipo assim, concreta e plena.

Música do Dia: Hoje (Taiguara). (Uma homenagem ao compositor André Fernandes e ao meu amigo MEDO e pelo amor dramático do Sandro Dornelles pelas músicas que nascem).

Bicho do Dia: Avestruz (4803).

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

246º Dia: Incompatibilidade de Gênios (O Silêncio).


                 A incompatibilidade de gênios pode existir em todas as formas de relações e não conviver com ela pode ser uma opção. Entretanto, na impossibilidade do não-convívio há de se ter o respeito. O que no outro não é igual a mim é por si só a confirmação da existência do outro. Em tempos de eleições, por exemplo, as incompatibilidades ficam a flor da pele. A discussão se acalora. Nas redes sociais pululam acusações, xingamentos e postagens raivosas. A democracia é assim, dá voz a todos e é incompatível com a verdade absoluta, mas precisa de um diálogo franco.  O jogo político é feito de barganhas. Meu conselho para vocês, humanos, é que olhem para o lado e não só para o espelho. O que aconteceu na história do país? O que mudou para melhor e para pior na vida dos seus amigos, família, empregados, patrões, pobres, classe média, ricos? Enfim, se situe como cidadão, veja, fuce, pesquise. Tem coisas que nem noticiários parciais e inverdades podem esconder. As coisas estão aí a olhos vistos, basta sair pra rua, conviver, viver e ver. Independente das incompatibilidades de gênios, discuta e conclua você mesmo. Minha experiência de anos de convivência com vocês me faz saber muito bem quais atitudes humanas são as que perpetuam minha espécie. Está sempre em tempo de vocês saberem quais são as que perpetuam a sua espécie. O silêncio pode esperar até depois das eleições para dar as caras. Por hora é debater as compatibilidades e as incompatibilidades para que nas urnas não tenhamos – olha o poeta da Muda aí de novo -, um silêncio de morte.

Música do Dia: Para Vivir (Pablo Milanês).

Bicho do Dia: 4154 (Gato).

terça-feira, 2 de setembro de 2014

245º Dia: A Massa


                 A cultura é de massa. O povo é de massa. A comida é de massa. A merda é de massa. O cimento é de massa. A farinha é de massa. A física é de massa. A palavra é de massa. O barato é de massa. A droga é de massa. A coisa é de massa. No mundo tudo é massa. A massa é o peso do mundo. A massa não se mede em gramas, nem quilos, nem toneladas. A massa odeia a gravidade que não a deixa planar. A massa quer que a deixem em paz. A massa precisa mais do que nunca deixar de ser massa, mas ela está presa em si mesma, feito uma maldição, pois a massa mesmo quando não o é, ainda é massa. A massa é de massa. A não-massa também.


Música do Dia: Incompatibilidade de Gênios (João Bosco) (De: João Bosco e Aldir Blanc, meu ídolo que aniversariêia hoje).
Outro aniversariante que adoro: Arnaldo Antunes. Então vai uma dele também:

Bicho do Dia: Galo (2252).

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

244º Dia: Revendo o Pampa


                  Acendeu o palheiro e ficou vendo aquele verde infinito como fazia todos os dias nos momentos de folga da lida. As terras onde repousava aquele verde não eram suas, mas o verde onde repousavam seus olhos era.

Música do Dia: A Massa (Raimundo Sodré).

Bicho do Dia: Cavalo (2443).

243º Dia: O Homem e a Espingarda


 (Texto de Domingo)
                A caça estava na mira, mas por motivos que jamais saberemos o Homem tirou o dedo lentamente do gatilho da Espingarda e não fez o disparo. Neste dia a Espingarda não cumpriu seu dever de abater caças como já vinha fazendo há tempos por intermédio dos dedos das gerações antecedentes do Homem que pressionavam o gatilho e que efetuavam o disparo fatal. Neste dia falharam o Homem e a Espingarda que nunca havia falhado. Obviamente, a falha da Espingarda não foi propriamente dela, prova de que espingardas por si só não efetuam disparos. Falta nesta história falarmos do alvo. A agora ex-caça nem imagina que quase foi alvo e que praticamente nasceu de novo. Horas mais tarde, depois dessa quase morte, a caça da ex-caça não teve a mesma sorte. Prova de que a morte precisava levar alguém com ela e que ela tarda, mas não falha.

Música do Dia: Revendo o Pampa (Trio Família). (De: Marcos Archetti / Sandro Dornelles). (Tô te dando essa moral, hein Sandro?!).

Bicho do Dia: Caça (Ex- Caça).