Mais um amigo que será
correspondente mensal do blog. Um amigo que gosta de acabar com meu trabalho, pois
graças a ele, muitos de vocês, humanos, deixam de fazer coisas que poderiam ser
dolorosas. Porém, quando este amigo me dá trabalho, é trabalho mesmo, pois quando
alguém faz alguma coisa na companhia dele a merda é grande. E quase sempre
sobra pra culpa também. O cara não perdoa ninguém, nem o pobre do palhaço.
Enfim, uma vez por mês ele estará aqui fazendo companhia a mim e a minha amiga
CULPA. Não quero aqui fazer charadinhas tipo aquelas malices de amigo secreto
no final de ano da firma. Então que ele se apresente:
"Telefone toca. Deu uma coisa estranha, uma vontade de deixar tocar até
cair, mas atendi. Era a Dor querendo contar as novidades. Maniazinha essa –
inerente às criaturas munidas de feminilidade – de contar as novidades, como se
houvesse de fato alguma coisa inédita nesse mundo. Porque é isso mesmo que eu
penso sobre as coisas do mundo: não há nada que eu já não tenha visto. Mas
antes de dar minha opinião sobre coisas do mundo, quero falar de mim, só um
pouco também porque não gosto que me achem espaçoso, aliás, eu não gosto que
fiquem achando coisas a meu respeito, sei lá, me dá vertigem. Eu sou aquele
cara que chega meia hora antes do horário no primeiro encontro, pra ver vocês,
humanos, chegarem quinze minutos antes e cortarem um dobrado pra não dar meia
volta e retornar pra dentro do útero de vossas mães. Também me sinto usado por
essas mesmas mães com úteros acolhedores, que convencem suas crias de que matar
aula pode resultar em imprevistos, de que imprevistos podem desencadear morte,
de que morte pode impulsionar esquecimento por parte dos entes queridos e que
vocês não vão querer ser esquecidos por seus entes queridos!
Sou mal falado por pessoas
que tem dificuldade de abstrair, sendo por vezes confundido com Covardia. Na
verdade, eu ruborizo com essa confusão. Eu e a Covardia já nos topamos muito
pela vida, ficamos umas vezes, mas gostamos de coisas diferentes. Falo disso
outra hora. Me deprime. Eu trato mesmo é de coisas complexas. e as tretas que
eu instigo são repletas de argumentos que por si diferem-se das mungangas. E
por falar em mungangas, detesto palhaços. Já digo logo. Porque é uma racinha
que é só sorriso no picadeiro, mas me abraça de noite antes de dormir e chora,
lamenta não ter chegado junto na malabarista ou na mulher barbada. Me deu
vergonha quando lançaram filme que ficou famoso por ter um palhaço horrendo que
hipoteticamente me despertava dentro de quem o assistia. Onde já se viu? O
palhaço do filme é cara do palhaço do MCDonalds. Palhaço é invenção humana pra
forjar a realidade nem tão colorida e risonha, e eu não gosto dessas coisas
forjadas.
Sou do bloco do boicote por causas nobres.
Como a Dor e a Culpa, sirvo ao bem e ao mal sem precisar de deuses ou demônios
e estou sempre colando nelas, principalmente às sextas-feiras que é quando todo
mundo decide esquecer que eu existo e se jogar na balada. Vez ou outra o
pessoal interrompe nossos trabalhos de relaxamento: O cidadão me encontra, se
livra de mim mandando pra dentro um rabo de galo e faz uma merda: no domingão é
a Culpa que o acorda no alto da ressaca; a moçoila me aciona, me leva pra casa,
não faz nenhuma merda: no sábado mesmo, às três da matina, já berra a Dor pra
acompanha-la num vinhozinho com edredom. Mas chega de falar de mim. Falemos das
coisas do mundo, que são um tanto quanto obsoletas daqui de onde tô vendo."
Taí meu amigo, o MEDO.
Música
do Dia: Só Sorriso (Maria Gadú e Dani Black) (De: Dani Black) (Uma homenagem à
corajosa jovem, Karina Limsi).
Bicho
do Dia: Coragem, o Cão covarde (6717).