Penso que a memória seja uma
concha de retalhos. De retalhos de cetim. Tendo em vista a preferência por uma memória
seletiva seria ótimo poder lembrar só das partes cetim da vida. As partes mais
brilhantes e sedosas. Só que não é bem assim. Porém, por ser seletiva, a
memória pode muito bem transformar em cetim as partes feitas de tecidos
baratos, o que eu chamaria de reciclagem da memória ruim. Não sei em que tipo de
trapo se encaixariam os traumas, talvez algum psicólogo me responda. O que
importa de verdade é que as recordações que são retalhos do mal em si, melhor
deixar pra trás. Embora eu acredite na máxima de quem bate esquece e quem
apanha não, rogo a todos um presente que no futuro seja de boas recordações,
porque hoje estou domingante, intertextual, citativa, meta-metafórica e minha memória
rã saltita coaxante pelos campos pós chuva onde a lembrança são retalhos lustro
coloridos de cetim ao sol.
Música
do Dia: Juízo Final (Nelson Cavaquinho) (De: N. Cavaquinho / Elcio Soares).
Bicho
do Dia: Coelho (4940).
Filma
da Semana: A Festa de Babette (Direção:Gabriel Axel, como roteiro baseado no
conto de Karen Blixen).
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