Novas Histórias

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Foto de Ju Vinagre

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

4º Dia: A Cuca Te Pega



                 A Cuca, ser mitológico brasileiro que servia para amedrontar as crianças e que em sua versão para televisão do Sítio do Pica-Pau Amarelo era uma jacaroa (pra quem não conhece, jacaroa é o mesmo que jacaré-fêmea) de peruca loira, resolveu que não mais assustaria ninguém, nem nas histórias, nem nos quadrinhos, nem na TV, nem em lugar nenhum mais. Primeiro quis ser apresentadora de vídeos musicais num canal fechado, mas descobriu que uma bela Cuca já havia passado por lá, além do que, ela ficava tonta com aqueles vídeos e desistiu. Com os poderes que lhe eram concedidos, a Cuca resolveu que ao invés de pegar no pé do Saci – engraçado que essa expressão “pegar no pé”, no caso do Saci, não poderia ser no plural nem que se pudesse usá-la no plural -, ou de alimentar o medo, ela alimentaria as pessoas. Para isso chamou a Tia-Avó de todas as Tias-Avós do mundo, confeiteira das confeiteiras, para ajudá-la na sua jornada de se tornar uma iguaria desejada por todos. Ficaram dias a fio nesse estudo confeiteiro. Que doce a cuca viraria? Vocês devem estar pensando que ela virou a Cuca, aquele bolo alemão achatadinho, coberto com uma farofa feita de manteiga, açúcar, farinha de trigo e canela. Não. Seria óbvio de mais pra ela. Ela acabou sendo um doce cuja fórmula continha a maçã que deram pra Branca de Neve, mais um licorzinho de Boa-Noite-Cinderela, misturado ao confeito de suspiros de Bela Adormecida. Quem comia esse doce apagava e tinha pesadelos horríveis. Quando perguntada sobre ter continuado assustando as pessoas mesmo em forma de doce, a Cuca respondeu: “Eu sou a Cuca e essa é a minha natureza”. Ao proferir esta frase, o escorpião perdeu o emprego e o sapo ferroado coaxou triste sem princesa num canto da estória. Comigo é assim, muita Cuca no lanche.

Música do Dia: Eu Tô Voando (Karnak) (De: André Abujamra).

Bicho do Dia: Cachorro (3717).

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