A Cuca, ser mitológico brasileiro que
servia para amedrontar as crianças e que em sua versão para televisão do Sítio
do Pica-Pau Amarelo era uma jacaroa (pra quem não conhece, jacaroa é o mesmo
que jacaré-fêmea) de peruca loira, resolveu que não mais assustaria ninguém,
nem nas histórias, nem nos quadrinhos, nem na TV, nem em lugar nenhum mais.
Primeiro quis ser apresentadora de vídeos musicais num canal fechado, mas
descobriu que uma bela Cuca já havia passado por lá, além do que, ela ficava
tonta com aqueles vídeos e desistiu. Com os poderes que lhe eram concedidos, a
Cuca resolveu que ao invés de pegar no pé do Saci – engraçado que essa
expressão “pegar no pé”, no caso do Saci, não poderia ser no plural nem que se
pudesse usá-la no plural -, ou de alimentar o medo, ela alimentaria as pessoas.
Para isso chamou a Tia-Avó de todas as Tias-Avós do mundo, confeiteira das
confeiteiras, para ajudá-la na sua jornada de se tornar uma iguaria desejada
por todos. Ficaram dias a fio nesse estudo confeiteiro. Que doce a cuca
viraria? Vocês devem estar pensando que ela virou a Cuca, aquele bolo alemão
achatadinho, coberto com uma farofa feita de manteiga, açúcar, farinha de trigo
e canela. Não. Seria óbvio de mais pra ela. Ela acabou sendo um doce cuja fórmula
continha a maçã que deram pra Branca de Neve, mais um licorzinho de Boa-Noite-Cinderela,
misturado ao confeito de suspiros de Bela Adormecida. Quem comia esse doce
apagava e tinha pesadelos horríveis. Quando perguntada sobre ter continuado
assustando as pessoas mesmo em forma de doce, a Cuca respondeu: “Eu sou a Cuca
e essa é a minha natureza”. Ao proferir esta frase, o escorpião perdeu o
emprego e o sapo ferroado coaxou triste sem princesa num canto da estória. Comigo
é assim, muita Cuca no lanche.
Música
do Dia: Eu Tô Voando (Karnak) (De: André Abujamra).
Bicho
do Dia: Cachorro (3717).
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