A moça acordou sem acordar.
Viu que a manhã já era tarde. Quando se olhou no espelho se deu conta que tinha
esquecido de tirar a maquiagem antes de dormir. Tinha esquecido também de tudo
que acontecera na noite anterior. Sua cabeça doía muito, então se deu conta do
porque da amnésia: tinha bebido. E muito. Pensou em deixar pra lá e dormir de
novo. Quando se deu conta que não estava na sua casa. De quem era aquela casa
enorme sem ninguém, além dela, dentro? Começou a se buscar na memória. Nada.
Parecia que sua existência tinha começado momentos atrás, quando acordou.
Começou a rir, pois estava claro que não tinha acordado, que era um sonho e que
aquela preocupação era dela no sonho, não dela propriamente dita. Quando terminou
de fazer a maquiagem viu que o espelho refletia seus traços mais bonitos que
tinham sido ressaltados pela maquiagem artística que havia feito em si mesma.
Durante um segundo pensou que no outro dia acordaria sem maquiagem, pois sempre
a tirava antes de dormir, e veria mais uma vez seu rosto, que para ela era um
rosto passado que ela já tinha enjoado e durante mais um segundo pensou em
ficar para sempre com a maquiagem. E durante mais um segundo não pensou nada.
Saiu. Maquiada. Queria comemorar. E dali pra frente se veria para sempre de
maquiagem, pois seu rosto sem maquiagem já não existia mais nos reflexos dos
espelhos.
Música do Dia: Se Te Agarro com Outro
te Mato (Sidnei Magal).
Bicho do Dia: Não é Viado, não. É
Gato! (Ah, mintira pretinha!)
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