Iracema, a índia dos lábios de
mel e uma das personagens da formação da identidade brasileira. Um anagrama de
América. A Iracema de todos nós. Iracema símbolo da união das raças, mãe da
primeira miscigenação, da natureza, da inocência. A inocência da Iracema do
Adoniran que morre atropelada na cidade grande e Iracema já nem tão inocente do
Chico Buarque que se vira no estrangeiro. Iracemas que viram Cecis, que viram
Carolinas Moreninhas, que viram Capitus, que viram Anas Terras, que viram
Emílias, que viram Gabrielas, que viram Anas Claras, Lias e Lorenas, que viram
Anas de Lavouras Arcaicas, que viram Tias Zulmiras, que viram Hildas Furacão,
que viram Velinhas de Taubaté, que viram Diadorins, que viram as Damas do
Lotação, que viram Macabeas, que viram as mulheres todas da música do Dia, e
que, por fim, viram nossa cabeça. Mulheres que não querem virar nada além do
que são em sua luta, em sua busca, em seu tesão, em sua independência, em sua totalidade
e não querem ter que se transformar em outra para agradar um macho inseguro.
Desconfio
que devo ter sido mulher em outra encadernação.
Música do Dia: Todas Elas juntas num
só ser (Lenine) (De: Lenine / Carlos Rennó).
Bicho Dia: Louva-deus (quem come e
quem é comido?).
Filme da Semana: Bonitinha, mas
Ordinária (Direção: Braz Chediak. Baseado na obra de Nelson Rodrigues).
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