Novas Histórias

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Foto de Ju Vinagre

segunda-feira, 17 de março de 2014

76º Dia: Mãe Véia

                 Reza a lenda que numa certa feita em uma incerta deslocalidade do mundo, havia uma mulher que já estava grávida há mais de 15 anos. Um mistério que intrigava a todos da tal deslocalidade. Que feitiço teriam feito à pobre mulher pra andar barriguda há tanto tempo? O bebê no ventre da mulher já havia crescido e já falava fluentemente de dentro do seu útero-casa para todos os curiosos que vinham conhecer tão peculiar história. Começaram a se formar filas enormes no portão da residência da mulher eternamente grávida, - era essa agora a alcunha da quase mãe – porque a criança crescida na barriga da mulher começou a fazer previsões e a dar conselhos de muita sapiência aos visitantes que vinham de todos os lugares do mundo se consultar com a pessoa uterina. Passaram-se anos. A mulher foi envelhecendo e a pessoa dentro dela também. Chegou a época que eram duas pessoas idosas num corpo só. O mundo seguia curioso e abismado com o caso. A quase mãe mulher eternamente grávida morreu. Ao mesmo tempo em que a pessoa que estava em seu ventre fazia o seu próprio parto. E todos viram sair do corpo da falecida mãe, uma senhorinha pequena, de cabelos brancos, que ficou chorando durante dias as lágrimas de sua não-infância, misturada ao líquido amniótico do parto normal que não teve. A senhorinha ficou conhecida, em homenagem a sua mãezinha morta, de Mãe Véia, a padroeira das parteiras. Como pode isso? Vocês me perguntam incrédulos. Eu respondo suassunicamente: não sei, só sei que foi assim. Digamos que hoje eu tenha acordado simplesmente fabulosa.

Música do Dia: Muito Estranho (Dalton) (Essa música mexe com meus instintos mais primitivos). 
Bicho do Dia: Perry, O Ornitorrinco.

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