Reza a lenda que numa certa feita em uma
incerta deslocalidade do mundo, havia uma mulher que já estava grávida há mais
de 15 anos. Um mistério que intrigava a todos da tal deslocalidade. Que feitiço
teriam feito à pobre mulher pra andar barriguda há tanto tempo? O bebê no
ventre da mulher já havia crescido e já falava fluentemente de dentro do seu
útero-casa para todos os curiosos que vinham conhecer tão peculiar história. Começaram
a se formar filas enormes no portão da residência da mulher eternamente grávida,
- era essa agora a alcunha da quase mãe – porque a criança crescida na barriga da
mulher começou a fazer previsões e a dar conselhos de muita sapiência aos
visitantes que vinham de todos os lugares do mundo se consultar com a pessoa
uterina. Passaram-se
anos. A mulher foi envelhecendo e a pessoa dentro dela também. Chegou a época
que eram duas pessoas idosas num corpo só. O mundo seguia curioso e abismado com o caso.
A quase mãe mulher eternamente grávida morreu. Ao mesmo tempo em que a pessoa
que estava em seu ventre fazia o seu próprio parto. E todos viram sair do corpo
da falecida mãe, uma senhorinha pequena, de cabelos brancos, que ficou chorando
durante dias as lágrimas de sua não-infância, misturada ao líquido amniótico do
parto normal que não teve. A senhorinha ficou conhecida, em homenagem a sua mãezinha
morta, de Mãe Véia, a padroeira das parteiras. Como pode isso? Vocês me
perguntam incrédulos. Eu respondo suassunicamente: não sei, só sei que foi
assim. Digamos que hoje eu tenha acordado simplesmente fabulosa.
Música do Dia: Muito Estranho (Dalton)
(Essa música mexe com meus instintos mais primitivos).
Bicho do Dia: Perry, O Ornitorrinco.
Cortázar pampeano... suassuinicamente fantástico!
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