Muito estranho, uma vez era
possível tomar um litro de um refrigerante famoso entre seis familiares e um
cachorro num almoço de domingo. Hoje, duas garrafas pet de 5 litros cada,
acabam antes da primeira garfada dada pelo primeiro membro da família na mesa dominical.
A água com que se faz o arroz e com que se fervem as batatas foi substituída
pela tal água preta com bolinhas. Ela é usada pra regar as plantas também. E
para desentupir pia. Tal tem sido sua eficácia em desfazer as gorduras dos canos
da cozinha, que o Diabo Verde está quase indo à falência. Muito estranho. A
bebida da fórmula secreta, quando fervida repetidas vezes, vira uma graxa ótima
pra sapatos. O mundo do crime também usa o miraculoso líquido para desintegrar os
corpos mortos dos desafetos em barris especiais (veja a série Breaking Bad). A
fórmula desse refrigerante deve ter sido inventada por uma espécie de deus. As
garrafas de plástico da bebida negra se encontram anualmente no chamado “mar de
plástico” em águas remotas localizadas entre a Califórnia e o Havaí. O grande
escritor argentino Jorge Luís Borges escreveu um conto até hoje misteriosamente
escondido a sete chaves onde contaria a história da criação da pasta inicial do
produto, onde seis inventores-magos-druídas, vindos de diversos cantos do
mundo, teriam se encontrado numa ilha vulcânica num ponto cego do Oceano
Índico. A ilha e os seis indivíduos nunca foram encontrados. Apenas umas
escrituras numa língua muito estranha, que dentre tantas interpretações que possibilitam,
uma delas foi virar o roteiro do filme “A bruxa de Blair”. Muito estranho
também, e sem nenhuma explicação científica até agora, é o fato de roedores gostarem
tanto de fazer ninhos em garrafas amnioticamente cheias de tais refrigerantes e
de limões se atirarem diariamente fatiados em rodelas para se suicidarem dentro
de copos com gelo da borbulhante poção. Estranho, muito estranho...
Música do Dia: A saber o sabor (Paulo
Monarco) (De: P. Monarco / Alisson Menezes). https://soundcloud.com/paulomonarco/a-saber-o-sabor
Bicho do dia: Cruz-Credo.
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