Os celulares ficaram sem
sinal todos ao mesmo tempo. Sem fotos, nem vídeos, nem nada sendo
compartilhado, publicado. Suicídios em massa começaram a acontecer devido ao
tédio criado pela falta de sinal. Depois de milhões de mortes alguns celulares
começaram a funcionar. Quando algum tocava as pessoas ressuscitavam. Eram pessoas
zumbis comedoras de celulares. Os sobreviventes rezavam para seus celulares não
tocarem para não serem devorados. Mas foi aí que a equação ficou irresolúvel:
as pessoas se matavam pelo tédio do não funcionamento dos celulares, mas também
não queriam que seus celulares tocassem para não serem devorados pelos zumbas
trituradores de aparelhos. A humanidade estava fadada á extinção. Foi por
pouco. Um ser sobrevivente teve a luminosa ideia de passar por outro e dar um
sorriso - gesto que antes só ocorria por “rsrsrs” em mensagens – e foi
correspondido. Anos depois um outro sobrevivente falou “oi” e, por incrível que
pareça, recebeu um outro “oi” como resposta. À partir daquele momento, as pessoas que ainda
não tinha morrido formaram comunidades e começaram a falar entre elas
novamente, até aquelas que tinham brigado para sempre no facebook por causa de
uma eleição presidencial num passado remoto.
Música
do Dia: Homem-Aranha (Jorge Vercilo). (Uma homenagem ao meu mais jovem leitor,
Joaquim Zanandrea, de três anos de idade, que além de multi-instrumentista, sabe
tudo de Homem-Aranha).
Bicho
do Dia: Macaco-Aranha (5766).
Nenhum comentário:
Postar um comentário