Do lado de cá ele só imaginava em estar
do lado de lá. Começou a arquitetar tramoias para conseguir o grande pulo. Seus
cálculos não foram para foguetes lançadores de gente-bala, nem aviões antirradar,
nem teletransporte de matéria. Queria chegar lá do outro lado arremessado por
uma catapulta. Todos seus esforços mentais foram para isso. Nem dava mais bola
para as visitas que traziam flores e falavam coisas ininteligíveis. Nem para
moças de branco. Nem pra nada. Só pra catapulta. Depois de tempos calculando e
martelando, finalizou o aparelho bélico que teria fins de transporte.
Finalmente sentou na catapulta e cortou a corda. Foi arremessado
sorridentemente no exato momento em que desligaram os aparelhos. Em sua
felicidade aérea se deu conta de que não tinha pensado no que lhe serviria de
amparo na hora da queda lá do outro lado, um colchão de ar ou uma cama
elástica. Mas essa pequena apreensão não diminuiu em nada sua alegria.
Música
do Dia: Trem de Verão (Wilson Teixeira). (De: W. Teixeira / Adilson Casado).
Bicho
do Dia: Camelo (0429).
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