Enquanto eu me esbaldava ao som
do Mambo na noite caliente dos trópicos, meu amigo MEDO delineava alguns pontos
crucias do momento em que vivemos e mais uns tantos existencialismos afogados
em drinques caribenhos:
“Neste fim de semana saí de
balada. Covardia me mandou um correio elegante eletrônico e disse que tinha uns
vips. Há tempos a gente não saia junto
pra evitar os flash backs que a vida proporciona. Me rendi aos encantos da moça
e decidi relaxar uma noite. Desde a morte de Dudu dos campos e a ascensão de
Marininha sustentável tenho tido dias desesperadores, pois parece-me que parte
de vocês, humanos, estava certo demais quanto a durabilidade de uma prévia,
quanto a veracidade das pesquisas de opinião e afins, ignorando a possibilidade
de imprevistos. Entendo, pois também agi
assim e me vi imerso numa contradanza
medonha. Cheguei à festa na pilha de ouvir algo energético, ver gente nova,
misturar a Covardia com meu balanço e deixar a bichinha tonta com alguns
drinks, chego lá e encontro uma corja: Inveja, Prepotência, Culpa, Ignorância, Raiva
e a digníssima Dor, toda trabalhada na certeza, já que tudo no mundo tem fim
menos ela. Inveja disse que havia combinado com a Maledicência pra que
trocassem turno, pois a segunda é a primeira de soja*. Prepotência disse que
seus sábados tem sido tranquilos e acha que é porque a Demagogia resolveu sair
do armário, Culpa e Ignorância estavam de plantão só na água com gás, olhando
pelos que saíram pra noite e pelos que ficaram em casa nas redes sociais. Raiva
tava pronta pra entrar no sangue do olho do primeiro bêbado e a Dor tava como
sempre, à espreita. No auge da minha quinta dose a Dor parou o samba e pediu
pra tocar um mambo! Desacreditei. Achei o cúmulo da breguice. Larguei todas lá
e voltei pra casa. Tendo em vista que as hidrelétricas choram sem conseguir
encher seus reservatórios, baldes e baldes dão gelo em nosso senso de ridículo,
candidatos se estapeiam com Jornalistas megalomaníacos, Levy Fidélix almeja
integralizar o bolsa família e tudo que é time ramelento quer fazer parte do G4,
foi melhor retornar ao lar e descansar minha esqueleta ouvindo meu Sigur Rós de
cada dia. Mambo já é tripudiar da burrice na qual tem se calcado as ações
humanas desde que o mundo é mundo. A humanidade precisa de mim mais que nunca e
é num ritmo menos caliente que eu
quero impor minha presença. Prudência “sou eu, só que de soja, e ainda que
pareça humilhante, ela sendo bem recebida eu já me contento.” (Medo).
Por
isso que eu digo: se o MEDO falar dê pelo menos uma atençãozinha.
*Quando dizemos que algo é de soja,
podemos estar sugerindo que algo é similar, parecido em algum aspecto e pode
até substituir outro ser/objeto a depender das circunstâncias.
Música
do Dia: Fiu Fiu (Filarmônica De Pasárgada) ( DE: Marcelo Segreto).
Nenhum comentário:
Postar um comentário