Novas Histórias

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Foto de Ju Vinagre

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

239º Dia: Mambo da Dor


                Enquanto eu me esbaldava ao som do Mambo na noite caliente dos trópicos, meu amigo MEDO delineava alguns pontos crucias do momento em que vivemos e mais uns tantos existencialismos afogados em drinques caribenhos:
                “Neste fim de semana saí de balada. Covardia me mandou um correio elegante eletrônico e disse que tinha uns vips.  Há tempos a gente não saia junto pra evitar os flash backs que a vida proporciona. Me rendi aos encantos da moça e decidi relaxar uma noite. Desde a morte de Dudu dos campos e a ascensão de Marininha sustentável tenho tido dias desesperadores, pois parece-me que parte de vocês, humanos, estava certo demais quanto a durabilidade de uma prévia, quanto a veracidade das pesquisas de opinião e afins, ignorando a possibilidade de imprevistos.  Entendo, pois também agi assim e me vi imerso numa contradanza medonha. Cheguei à festa na pilha de ouvir algo energético, ver gente nova, misturar a Covardia com meu balanço e deixar a bichinha tonta com alguns drinks, chego lá e encontro uma corja: Inveja, Prepotência, Culpa, Ignorância, Raiva e a digníssima Dor, toda trabalhada na certeza, já que tudo no mundo tem fim menos ela. Inveja disse que havia combinado com a Maledicência pra que trocassem turno, pois a segunda é a primeira de soja*. Prepotência disse que seus sábados tem sido tranquilos e acha que é porque a Demagogia resolveu sair do armário, Culpa e Ignorância estavam de plantão só na água com gás, olhando pelos que saíram pra noite e pelos que ficaram em casa nas redes sociais. Raiva tava pronta pra entrar no sangue do olho do primeiro bêbado e a Dor tava como sempre, à espreita. No auge da minha quinta dose a Dor parou o samba e pediu pra tocar um mambo! Desacreditei. Achei o cúmulo da breguice. Larguei todas lá e voltei pra casa. Tendo em vista que as hidrelétricas choram sem conseguir encher seus reservatórios, baldes e baldes dão gelo em nosso senso de ridículo, candidatos se estapeiam com Jornalistas megalomaníacos, Levy Fidélix almeja integralizar o bolsa família e tudo que é time ramelento quer fazer parte do G4, foi melhor retornar ao lar e descansar minha esqueleta ouvindo meu Sigur Rós de cada dia. Mambo já é tripudiar da burrice na qual tem se calcado as ações humanas desde que o mundo é mundo. A humanidade precisa de mim mais que nunca e é num ritmo menos caliente que eu quero impor minha presença. Prudência “sou eu, só que de soja, e ainda que pareça humilhante, ela sendo bem recebida eu já me contento.” (Medo).
Por isso que eu digo: se o MEDO falar dê pelo menos uma atençãozinha.

*Quando dizemos que algo é de soja, podemos estar sugerindo que algo é similar, parecido em algum aspecto e pode até substituir outro ser/objeto a depender das circunstâncias.

Música do Dia: Fiu Fiu (Filarmônica De Pasárgada) ( DE: Marcelo Segreto).
https://www.youtube.com/watch?v=Bsrq8qv8Uig
Bicho do Dia: Porco (2969).

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