(Texto de quinta, 20 de novembro de 2014).
Queria chegar até o escuro.
Caminhou dias e mais dias por uma claridade bárbara. Tons cansativos de branco.
Degrades enjoativos de amarelo. Variações nauseabundas de azul. Quilômetros mareantes
de verde e mais um tanto de claridades de cores. Já estava exausto de tanta luz
e cada vez mais sedento de escuro. Sonhava todas as noites com o escuro
perfeito, o escuro sem falhas, o escuro dos escuros. Já em estado de delírio
achou um interruptor na parede mais alta do mundo. Delirantemente se sentiu um
Deus e apagou a luz. Para seu espanto estava então no escuro e lá ficou por
anos a fio. Quando enjoou do escuro quis a luz. Mas não enxergava mais nada e
seria um trabalho dos diabos para achar novamente o bendito interruptor. Perto
dali, onde o escuro jogava fora a chave das selas dos seus prisioneiros, as
cores e as claridades tramavam contra ele.
Música
do Dia: O Fluxo Ardente do Torpor (Marli). (Uma homenagem ao colaborador do
Dia, Diego Moraes).
Bicho
do Dia: Carneiro (3727).
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