(Quarta-feira, 05 de novembro de 2014).
A Boca ria a toa. Comia o
que tinha vontade. Falava o que dava na telha. Desconsiderava os atributos do
Nariz. Não sabia da existência dos Ouvidos. Não estava nem aí pro Tato nem pros
Olhos. Um dia o corpo morreu e a Boca foi enterrada junto com todos os outros
órgãos para quem ela não dava à mínima. Os outros órgãos todos não riram,
porque não podiam rir – isso era um atributo da boca -, e também porque o que
adiantaria rir da desgraça do outro se o outro faz parte de você? A Boca, por
sua vez, foi a única que comeu terra, embora a terra é quem há de comer a Boca
e tudo mais. Agora uma pausa na história, para uma reflexão. Uma pausa não,
melhor acabar isso por aqui mesmo porque esta história já está sem pé, nem
cabeça, nem boca, nem corpo, nem porra nenhuma. A história assim como o corpo,
já se decompôs.
Música
do Dia: Bridge Over Troubled Water (Elvis Presley) (De: Simom & Garfunkel).
Versão
Kleiton e Kleidir:
Bicho
do Dia: Galo (0152).
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