Era o que alguns afirmavam. Para
outros o Amanhã estava logo ali, no dobrar a esquina. Nunca, porém perguntaram
para o Amanhã o que ele pensava sobre o assunto. Talvez porque nunca ninguém
havia conseguido falar com ele. Marcaram uma coletiva para que o Amanhã
finalmente findasse os séculos de silêncio e falasse tudo o que bem quisesse.
Quando ele soltou o verbo nunca mais parou de falar. Os que o entenderam, que
eram os que diziam que ele estava logo ali, continuaram afirmando que ele
estava logo ali. Os que não o entenderam, aqueles que achavam que ele era
distante, continuaram afirmando que ele era distante. Frente a tal confundido fato, o Amanhã entendeu
porque tinha ficado tanto tempo calado e assim ficou por mais vários séculos.
Ainda hoje ele vez em quando aparece e fica na espreita logo ali na esquina,
outras vezes some nas lonjuras das estradas e acena para alguém bem distante que
retribui o aceno sem ter a certeza de que é o Amanhã mesmo que acenou ou alguém
se fingindo ser ele.
Música
do Dia: Velocidade da Luz (Grupo Revelação).
Bicho
do Dia: Avestruz (7503).
Nenhum comentário:
Postar um comentário