Novas Histórias

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Foto de Ju Vinagre

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

318º Dia: Relento


              Parca era a esperança. Vivia-se por pura teimosia. Até o momento em que se começasse a cantar. Tudo se banhava de novas cores, novos ares. Naquele lugar a menor voz tinha poderes de gigante. Os galos cantadores arrancavam as manhãs de seus bocejos. As cigarras cantadeiras espremiam as nuvens para que as gotas de orvalho umedecessem o deserto das línguas. Conhaques vagabundos machucavam e emocionavam cordas vocais extraviadas pelo tempo. Um tom metal grunhia raios e quebrava maldições. A cegueira fazia com que a voz pingasse moedas nas latinhas. Mas os maiores cantores dentre todos sem destino do lugarejo eram os que tinham sido benzidos e tocados pelas mãos aveludadas e cruas do relento.

Música do Dia: O Amanhã é Distante (Geraldo Azevedo). (Bob Dylan – Versão: G. Azevedo e Babau).

Bicho do Dia: Galo (4951).

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