As pessoas do Reino situado
num ponto equidistante entre o Báltico e o Índico não eram muito dadas a
conversas. Nesse lugar ninguém mesmo dava bom dia pra cavalo e jogar conversa
fora era o maior dos desperdícios. Não era por preguiça ou turrice, mas pelo
fato de que quase todos os sons linguísticos e suas combinações haviam sido
roubados. Sobraram apenas o “d” e o “a”. Ironia do destino, formavam a sílaba
“da” que não dava pra falar quase nada. A combinação “ad” do latim também já
havia caído em desuso em tal Reino. A privação de sons linguísticos fez com que
os habitantes desenvolvessem uma língua que ficou conhecida como “Da Da Da”.
Dependendo da entonação e do gestual que a acompanhava, cada “da” tinha um
significado. Algo que em alguns aspectos lembrava o chinês. Assim a língua “Da
Da Da” foi evoluindo durante o correr dos séculos. Nas escolas os professores
contavam para as crianças a lenda do temido monstro Saussurechoms (dificílimo de
se pronunciar em Da Da Da) que se
alimentava de sílabas e que viria de longínquas terras flutuantes para roubar
do Reino os dois únicos sons linguísticos ainda existentes. As crianças morriam
de medo, mas depois entoavam canções em linguagem gutural como se fosse uma
espécie de encanto para espantar uma possível aproximação do temido monstro
comedor de sílabas.
Música
do Dia: Cobra Criada (João Bosco, o aniversariante de ontem). (De: J. Bosco /
Paulo Emílio).
Bicho
do Dia: Cobra (Aquela de 3 cabeças que era o bicho de estimação do Monstro
Saussurechoms).
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