Naquela época os filmes ainda
não despertavam no espectador o sentido do tato. As atrizes não te beijavam na
hora do beijo, tu não levava tabefes na cara do vilão mal encarado, não sentia
o frio na barriga quando a criança descia no tobogã, não sentia o gosto da
comida do chef, não sentia o vento que vinha da tela balançar os teus cabelos.
É, podem acreditar, ver um filme devia ser bem sem graça - embora meus tataravós
jurem de pés juntos que não -, pois só tinha o som e a imagem. Ah, tinha até um
negócio tosco chamado 3D que não enganava a criança mais ingênua. Enfim, era
assistir o filme e rezar para que o teu cérebro sentisse as sensações. Não era
como hoje, onde uma sessão de cinema é quase igual à vida real, onde se é o
personagem do filme. A única diferença é que tu aperta um botão para gozar dos
prazeres cinematográficos, e na vida real não precisa disso. Talvez um dia, tu
já acorde dentro de um filme, sem nem precisar apertar botão nenhum. Imagine
que houve um tempo em que o filme não tinha nem som, era só imagem. Devia ser um saco.
Música
do Dia: Fogo Sobre a Terra (MPB 4 & Quarteto em Cy). (De: Toquinho / Vinicius
de Moraes)
Bicho
do Dia: Elefante (1747).
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