Novas Histórias

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Foto de Ju Vinagre

sexta-feira, 4 de julho de 2014

185º Dia: Só Imagem


                  Naquela época os filmes ainda não despertavam no espectador o sentido do tato. As atrizes não te beijavam na hora do beijo, tu não levava tabefes na cara do vilão mal encarado, não sentia o frio na barriga quando a criança descia no tobogã, não sentia o gosto da comida do chef, não sentia o vento que vinha da tela balançar os teus cabelos. É, podem acreditar, ver um filme devia ser bem sem graça - embora meus tataravós jurem de pés juntos que não -, pois só tinha o som e a imagem. Ah, tinha até um negócio tosco chamado 3D que não enganava a criança mais ingênua. Enfim, era assistir o filme e rezar para que o teu cérebro sentisse as sensações. Não era como hoje, onde uma sessão de cinema é quase igual à vida real, onde se é o personagem do filme. A única diferença é que tu aperta um botão para gozar dos prazeres cinematográficos, e na vida real não precisa disso. Talvez um dia, tu já acorde dentro de um filme, sem nem precisar apertar botão nenhum. Imagine que houve um tempo em que o filme não tinha nem som, era só imagem. Devia ser um saco.

Música do Dia: Fogo Sobre a Terra (MPB 4 & Quarteto em Cy). (De: Toquinho / Vinicius de Moraes)

Bicho do Dia: Elefante (1747).

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